Venom: A Última Rodada
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Kelly Marcel
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Venom: The Last Dance
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2024
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EUA / Reino Unido / México
Crítica
Leitores
Sinopse
Em Venom: A Última Rodada, Eddie (Tom Hardy) e seu simbionte estão em fuga. Caçados pelos dois mundos, a dupla é forçada a tomar uma decisão devastadora que poderá colocar em risco não apenas o planeta, mas também o próprio futuro dos dois.
Crítica
Algumas perguntas, realmente, devem permanecer sem resposta. Como a que tenta investigar qual o segredo do sucesso da saga Venom nos cinemas. Após dois filmes constrangedores (para dizer o mínimo), mas, inexplicavelmente, ambos com ótimos desempenhos de bilheterias (o segundo arrecadou cinco vezes o seu orçamento, enquanto o primeiro fez quase US$ 1 bilhão ao redor do mundo), eis que chega agora às telas Venom: A Última Rodada, aquele que se anuncia, ao mesmo tempo, como o “fim da trilogia”, para alívio de muitos, mas também “início de uma nova era”, para desespero de outros tantos.
Após dois longas realizados por homens (Rubens Fleischer e Andy Serkis), o comando agora ficou sob responsabilidade de Kelly Marcel, que está envolvida com o personagem desde Venom (2018), sempre como roteirista, mas agora também aparecendo como produtora e diretora. Essa é sua estreia como realizadora, após ter assinado outros títulos igualmente duvidosos, como Cinquenta Tons de Cinza (2015) – que lhe valeu uma Framboesa de Ouro de Pior Roteiro do ano. Ao assumir sozinha o controle do projeto, tendo ao seu lado apenas o astro Tom Hardy (que, além de protagonista, é autor do argumento original e um dos produtores), ela torna evidente o quão afoita estava por uma oportunidade como essa. A ponto de inserir o máximo que estivesse ao seu alcance, mesmo não havendo condições para tanto. A sensação de bagunça e desordem, como se pode imaginar, é constante.
O curioso é que a trama, mais uma vez, é absurdamente banal. Um lorde das trevas aprisionado num mundo às escuras deseja, por algum motivo secreto, se vingar dos seus filhos rebeldes, os simbiontes – e por mais que alegue existirem vários destes, o único que parece lhe importar é Venom. Para tanto, o vilão envia uns seres monstruosos no encalço do anti-herói, que só conseguem identificá-lo quando em sua forma natural – ou seja, para sair vivo, deve permanecer escondido sob a pele de Eddie Brock (Hardy, que apertou o botão do “não estou nem aí” e decidiu que é chegado o momento de se divertir sem preocupação com o resultado), o seu atual hospedeiro. Só que após uma série de diálogos bem expositivos no qual todo esse cenário fica explicado até os mínimos detalhes, com todas as consequências de sua transformação, o que acontece? Exato, Venom ataca mais uma vez.
Enfim, é o velho jogo de gato e rato, com estes quadrúpedes espaciais caçando aquele que, ao invés de provocar algum tipo de ação, está em cena apenas para reagir, nunca liderar o movimento. Com um roteiro tão esburacado quanto uma colcha de retalhos já carcomida pelos anos, há ainda outros velhos conhecidos do público, como o militar que só quer saber de explodir cabeças (Chiwetel Ejiofor, cada vez mais distante dos papéis sérios que lhe valeram uma indicação ao Oscar), a cientista obcecada que não mede esforços para alcançar seus objetivos (Juno Temple, entrando em cena como a loira da vez para substituir o vazio deixando por Michelle Williams, que deve ter encontrado algo melhor para fazer) e até uma família de hippies, liderada por Rhys Ifans – que chegou a ser o vilão Lagarto, em O Espetacular Homem-Aranha (2012), e volta ao universo do Cabeça de Teia como um personagem quase irrelevante, desperdiçando uma oportunidade de ligação com uma realidade alternativa.
É tanta coisa misturada de modo não orgânico, mas de forma imposta, um quase que se amontoando sobre o outro, que nem chega a causar maiores espantos observar Venom (sim, o monstro, e não Brock) dançando ABBA de braços com uma velha senhora, Eddie sendo jogado aos céus por um cavalo ‘venomizado’ ou mesmo uma série de peixes – igualmente ‘venomizados’ – comendo uns aos outros, apenas para mostrar que “sempre há uma boca maior com a qual lidar’. E quando o garoto pergunta se o homem por trás do alienígena acredita ou não na existência de extraterrestres, e esse nega tal possibilidade sem sequer hesitar, tanto o espectador, quanto o próprio em questão, irão afirmar: “boa resposta”. Sim, pois diante tantos estouros sem maiores repercussões, nem mesmo o “adeus” parece ter relevância: não há nada por aqui que não possa ser revisto. E mesmo que tudo aponte em direção contrária – o horror! o horror! – será apenas questão de tempo para que um novo capítulo desse desastre surja no horizonte. Venom: A Última Rodada parece ser uma despedida, mas tenha certeza: essa é só mais uma das suas tantas ilusões.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 3 |
Lucas Salgado | 3 |
MÉDIA | 3 |
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