Crítica
Leitores
Sinopse
Após ficar encarcerado por 17 anos, um ex-prodígio do baseball retorna ao seu velho bairro. Ele está determinado a retomar sua vida e voltar a praticar o esporte amado.
Crítica
Joe Manganiello e Sofia Vergara formam um dos casais mais cobiçados da Hollywood atual. Ambos despontaram para a fama em séries de televisão – ele em True Blood (2010-2014), ela em Modern Family (2009-2020) – e são figuras invejadas pelo físico que ostentam, sendo que ambos já foram parar, em mais de uma ocasião, em diferentes listas dos artistas mais desejados do momento. É curioso perceber em Vida em Jogo, no entanto, como os dois ambicionam mais do que apenas isso: pelo jeito, querem também ser reconhecidos por um suposto talento dramático. E se ele parece se dar bem em cenas de ação, e a veia cômica dela é inegável, por outro lado ficam a dever quando a narrativa exige algo além de músculos, caras e bocas. Basicamente, aliás, o que conseguem oferecer nesse filme com cara de home video.
No original em inglês, Vida em Jogo recebeu dois títulos: um ainda durante as filmagens, e outro após finalizado. O primeiro era Bottom of the 9th, uma expressão que pode ser entendida como “fim do jogo”, “a última base”, uma referência à parte baixa da nona entrada, algo mais assimilável entre os fãs de baseball. Como tal compreensão acabava ficando restrita a apenas um nicho do público, substitui-se posteriormente por Stano, que é o nome do protagonista, vivido por Manganiello. Nenhuma das denominações, no entanto, melhoram as perspectivas em relação ao que vem a seguir: um drama raso sobre um homem recém saído da prisão que busca reorganizar sua vida, reatando com a antiga namorada (Vergara, obviamente) ao mesmo tempo em que tenta resgatar o antigo talento que tinha pelo esporte.
Uma história na qual o personagem principal é um ex-presidiário que passou metade da sua vida atrás das grades por ter matado um outro rapaz já parte da difícil missão de angariar a empatia do público em relação a um tipo como esse. O roteirista Robert Bruzio – ator com passagem por séries como One Life to Live (2002) e Madam Secretary (2015), aqui estreando na função – não se apressa em explicar as origens de Stano, ao mesmo tempo em que deixa claro, com intermitentes inserções de flashbacks, que há algo a ser esclarecido a respeito do crime por ele cometido tantos anos antes. Por mais que tenha pela frente a figura de Manganiello – um brutamontes com quase 2 metros de altura – o texto tenta oferecer a ele uma personalidade frágil, que não dá respostas impensadas, que aceita de cabeça baixa reprimendas e tenta com muito esforço se encaixar em sua nova condição. Como se percebe, uma tarefa difícil de conciliar.
Vergara, por outro lado, conhecida pela exuberância e estilo chamativo, dessa vez também se submete a um tom mais comedido, resguardado e silencioso. Namorada dele quando adolescentes, foi deixada “porque ele não queria magoá-la”. Os dois se reencontram, a atração é mútua, mas seguem se comportando como vinte ou trinta anos atrás. Ela quer se entregar, ele teme machucá-la novamente. E o dilema se restringe, basicamente, a isso. Não precisa ser nenhum gênio ou vidente para imaginar como será o desfecho dessa questão. Da mesma forma, ainda que o oficial de condicional o coloque trabalhando numa peixaria, as constantes humilhações que sente no emprego rapidamente o obrigarão a buscar voos mais altos. E quando surge a oferta de voltar aos treinos, mesmo uma resistência inicial não será suficiente para mantê-lo afastado por muito tempo.
Talvez mais interessante do que acompanhar na ficção o surgimento de um romance que encontra espelho na vida real, seja observar o elenco de coadjuvantes, que reúne alguns rostos facilmente reconhecidos por qualquer um acostumado a se deparar com tramas de descendentes de italianos nos Estados Unidos. Burt Young (indicado ao Oscar por Rocky: Um Lutador, 1976), Vincent Pastore (Família Soprano, 1999-2007), Michael Rispoli (Roubo à Máfia, 2014) e James Madio (Jersey Boys: Em Busca da Música, 2014) são apenas alguns desses artistas, ainda que nem sempre identificáveis pelo nome. Vê-los em cena, mesmo que em participações quase insignificantes, se mostra um prazer mais efetivo do que qualquer tipo de preocupação provocada pela dupla Manganiello e Vergara, que até podem ser bons naquilo que os tornou famosos, mas deixam evidentes suas carências nessa tentativa de se afastar de uma possível zona de conforto.
Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)
- Piano de Família - 23 de novembro de 2024
- Wicked - 22 de novembro de 2024
- Gladiador II - 22 de novembro de 2024
Deixe um comentário