Crítica
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Sinopse
Mariana, uma adolescente de 16 anos, descobre que a mãe está traindo o pai com Nick, com quem encontra frequentemente em um trailer abandonado. Sylvia trabalha em um restaurante e tem dificuldades em criar vínculos amorosos com alguém. Há ainda Maria, uma garota cujo pai sofreu um grave acidente aéreo há pouco tempo.
Crítica
Vidas que se Cruzam é o primeiro longa-metragem dirigido pelo roteirista mexicano Guillermo Arriaga, conhecido por suas parcerias com o cineasta Alejandro González Iñarritu. Os roteiros de Amores Brutos (2000), 21 Gramas (2003) e Babel (2006) são de Arriaga, que também assina esta sua primeira incursão atrás das câmeras. Se Iñarritu e Arriaga não tivessem brigado e cortado relações, muito provavelmente este filme traria a assinatura do primeiro na direção. Isso porque o filme não foge nada do universo conhecido da antiga dupla.
Como é de praxe nos escritos de Guillermo Arriaga, o filme conta com tramas múltiplas e com narrativa não-linear. O amor e a perda são os temas de Vidas que se Cruzam, que traz a história de Sylvia (Charlize Theron), uma mulher que vai pulando de caso em caso com os mais variados homens, nunca conseguindo se prender a alguém; também conhecemos Geena (Kim Basinger), dona de casa e mãe de família que se sente mal amada pelo marido, Robert (Brett Cullen, de Motoqueiro Fantasma, 2007) e busca amor nos braços de Nick (Joaquim de Almeida, de O Xangô de Baker Street, 2001). Ele é pai de Santiago (J.D. Pardo, de A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2, 2012), garoto que através de caminhos tortuosos conhece e se apaixona por Mariana (Jennifer Lawrence), filha de Geena. Estas histórias são contadas em paralelo, eventualmente se cruzando, como aponta o expositivo título em português.
Quem já conhece os trabalhos anteriores de Guillermo Arriaga não se surpreenderá com a forma com que o roteirista tem para conceber suas tramas. Esse conhecimento prévio do estilo do profissional acaba, por fim, minando algumas pretensas surpresas do roteiro, que são facilmente antecipadas pelo espectador mais atento. Isso não faz com que a experiência seja menos interessante. Mas resta a curiosidade em descobrir se ele é capaz de contar uma história com começo, meio e fim lineares. Seria um bom desafio. Até porque, no fim das contas, o que segura Vidas que se Cruzam não é o mistério de como as histórias se ligam. O que prende o espectador são os personagens e seus dramas. Nesse quesito, o longa-metragem tem qualidades que conseguem engajar o público. Com boas performances de Charlize Theron, Kim Basinger e Joaquim de Almeida, e com os jovens talentos de J.D. Pardo e Jennifer Lawrence, é possível sentir-se interessado pelo destino daquelas figuras.
Se Guillermo Arriaga resolveu não se aventurar no roteiro, escrevendo o feijão com arroz que já domina, na direção o mexicano também não foge muito do estilo de seus filmes anteriores. Mesmo que não assine a direção de 21 Gramas ou Babel, é visível que sua contribuição era bem maior que apenas assinar a história. Dizem até que a briga entre Iñarritu e Arriaga deu-se pela discussão de autoria de 21 Gramas. Arriaga queria co-assinar o filme e Alejandro não teria permitido. Dito isso, não é de se estranhar que este novo trabalho lembre tanto as colaborações anteriores entre os dois profissionais.
Vidas que se Cruzam é interessante enquanto dura, mas não deixa uma maior impressão no espectador depois que as luzes se acendem. É bem feito, tem boas atuações e um roteiro bem encaixado. Mas segue tão fielmente uma fórmula tão batida – que já havia cansado em Babel - que acaba perdendo pontos pela falta de novidade. Talvez tenha sido realizado assim para fins de aprendizado. Na certa, Arriaga preferiu partir de um lugar de conforto para assinar seu primeiro longa-metragem como diretor para só depois ousar. É o que se espera. Talento o roteirista já mostrou ter. Basta se livrar das amarras de suas fórmulas que melhores coisas podem surgir.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 6 |
Roberto Cunha | 8 |
Francisco Carbone | 5 |
MÉDIA | 6.3 |
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