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Sinopse

De volta à cidade natal para averiguar uma possível herança, Pancho terá de enfrentar seus parentes.

Crítica

Na construção dos arquétipos familiares latinos, frequentemente, os membros são retratados por figuras precisas, como mães controladoras, irmãs/primas alpinistas sociais e cunhados relaxados, por exemplo. O reforço desses modelos desvantajosos está presente em Viva o México!, comédia que possui a gestão do Presidente mexicano Andres Manuel Lopez Obrador (apelidado de AMLO), um político progressista, como pano de fundo para destrinchar as injustiças de um país sem oportunidades. No entanto, a tentativa de emular o multipremiado Parasita (2019) sob uma perspectiva autodepreciativa da terra dos “sombreros” se desinteressa de alguns compromissos.

O enredo segue Pancho Reyes (Alfonso Herrera), um patriarca de classe média que está em busca da riqueza. De origem humilde, regressa ao interior para examinar um rancho que possivelmente fará parte da herança de seu avô, que acaba de falecer. Este local desértico, que possui grandes quantidades de ouro por debaixo do solo, abriga sua extensa gama de parentes. Entre prostitutas, narcotraficantes e qualquer outro tipo de operário paralelo, em comum, todos possuem a pobreza extrema como norteador de suas vidas.

A trama se situa no seguinte trio: a ganância de Pancho, que pretende buscar mais riqueza e voltar para seus luxos caseiros; a repulsa da fútil Mari (Ana de la Reguera), esposa do rapaz, para com os pares do cônjuge; e o exotismo dos moradores da pequena vila onde Pancho nasceu. Herrera - a eterna estrela de Rebelde (2004-2006), que hoje está mais parecido fisicamente com Antonio Banderas do que se pode acreditar - cumpre seu papel como um playboy ambicioso que serve de gatilho para as mais variadas peças cômicas proporcionadas por sua parentela. Frases de efeito, surpresas espirituosas e gags (humor transmitido, na maioria das vezes, sem uso de palavras) promovem um entretenimento sincero, mas asfixiado por algumas escolhas contraproducentes, como a minutagem.

Nessa empreitada, o diretor Luis Estrada - veterano ganhador de três prêmios Ariel (o Oscar do México) - opta por um desenrolar de fatos lento e progressivo, prejudicando o humor presente no potencial dos atores e também o ritmo narrativo. É bem verdade que alguns trechos são muito divertidos, mas não o suficiente para impressionantes três horas e 11 minutos de duração. Porém, são talentos como o do experiente Damián Alcázar, em diversos papéis aqui interpretados, que fazem o descontrole não se estabelecer por completo.

Entretanto, talvez o maior desacerto de Viva o México! se instale na abordagem dos obstáculos sociais. É possível detectar uma falha na exploração de questões relevantes de maneira sensível e responsável. A descrição de alguns cidadãos mexicanos podem parecer criadas para ridicularizar o país e levanta preocupações sobre a falta de responsabilidade social por trás dessas construções, prejudicando, inclusive, o impacto geral da história. Ademais, é curioso como o efeito parece o contrário do imaginado, expulsando a circunstância Lopez Obrador e conformando a história. Enfim, opções que limitam o produto final.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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