Crítica
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Sinopse
Mesmo odiando voar, Lisa precisa embarcar num avião rumo ao Texas, nos Estados Unidos, onde sua avó acaba de morrer. Ela conhece um homem e adiante fica sabendo do seu plano para matar um influente político.
Crítica
Nada como um dia após o outro. Isto, ao menos, deve ser o que pensou Wes Craven ao comemorar o sucesso de público do suspense Voo Noturno, que no primeiro mês em cartaz no Estados Unidos havia arrecadado mais do que o dobro do seu orçamento (US$ 25 milhões), e finalizado sua carreira nas telas com um faturamento de quase US$ 100 milhões – ou seja, é a maior bilheteria do diretor após a trilogia Pânico. E o sentimento de vitória se justificava porque este foi o segundo longa lançado por ele no mesmo ano – o anterior, Amaldiçoados (2005), foi um dos maiores fracassos artísticos e financeiros de toda a sua longa carreira, não conseguindo cobrir seus custos nem com a ajuda da renda obtida no exterior.
Craven despontou no gênero de terror ao criar um dos mais assustadores e memoráveis monstros da sétima arte: Freddy Krueger, o protagonista da série A Hora do Pesadelo (o primeiro, de 1984, foi o único dirigido por ele). Nos anos seguintes realizou trabalhos de menor repercussão e até se arriscou por outros estilos, como a comédia (Um Vampiro no Brooklyn, de 1995, com Eddie Murphy) e o drama (Música do Coração, de 1999, com Meryl Streep). O citado Amaldiçoados seria um recomeço no estilo que lhe deu fama, mas este foi um projeto em que tudo praticamente deu errado – atrasos nas filmagens, atores despedidos, roteiro reescrito, fracasso nas bilheterias e desprezo dos fãs. Ao trocar o terror sobrenatural pelo terrorismo, um elemento bem mais contemporâneo no início do novo século, conseguiu que Voo Noturno representasse, mais uma vez, uma volta por cima.
O melhor de Voo Noturno é o seu ritmo, ágil e rápido – são apenas 86 minutos. Dessa forma, seus absurdos acabam não importando muito diante a dinâmica dos acontecimentos. Liza (Rachel McAdams, segurando com competência a trama) é a gerente de um hotel e, apesar do medo que sente em voar, precisa pegar um avião à noite para estar no trabalho no dia seguinte a tempo de recepcionar um importante político. Ao seu lado senta Jack (Cillian Murphy, um bom ator a serviço de um personagem esquemático), aparentemente um cara legal que, assim que a viagem começa, revela ser um assassino com uma missão bem definida. Para conseguir seu intento, vai precisar da ajuda da moça, que não foi escolhida ao acaso. Ela deve ordenar que o político troque de quarto no hotel, para que fique num local de mais fácil acesso para um atentado. Caso se recuse, o seu pai (Brian Cox) será eliminado por um outro bandido a mando dele.
Voo Noturno começa tranquilo, de modo inusitado até, quase como numa comédia romântica. Aos poucos, no entanto, Craven vai alterando nossas percepções, guiando-nos por um caminho de claustrofobia e angústia. E isso ele faz com muita habilidade. A imobilidade dela dentro do avião, procurando por socorro em cada detalhe, se transforma na nossa passividade na cadeira do cinema, envolvidos com o que se desenvolve na tela. O final, bastante acelerado, lembra bastante o de outro thriller semelhante, Celular (2004), com Chris Evans. Assim como este, o que temos é entretenimento passageiro, nada profundo, mas divertido e competente.
Os mais exigentes terão muito o que reclamar de Voo Noturno. A trilha sonora chega a ser insuportável em alguns momentos, Murphy consegue ser mais careteiro do que Jim Carrey nos seus piores dias, e a premissa é por demais simplista. Isto sem falar em alguns furos no roteiro que invalidariam grande parte da ação. Fora isto, é um produto que cumpre o que promete: não vai ficar na memória de ninguém da audiência, mas também não fará nenhum espectador pedir o dinheiro do ingresso de volta.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Ailton Monteiro | 6 |
Daniel Oliveira | 5 |
Alysson Oliveira | 6 |
Alex Gonçalves | 7 |
Chico Fireman | 7 |
MÉDIA | 6.2 |
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