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Sinopse

Agora, após ser desfechado um devastador ataque contra a raça humana, uma nova guerra entre humanos e mutantes se inicia. As notícias do ataque causam clamor público contra os já malvistos mutantes. Os opositores contam com o apoio do General William Stryker, um líder militar que vem lutando para controlar e restringir todos aqueles que são diferentes. Stryker coloca em ação um plano para extinguir os mutantes na face da Terra.

Crítica

De tempos em tempos, a evolução dá um salto. E evolução é a palavra chave para definir X-Men 2, não apenas por se tratar de uma sequência, mas por ir no âmago da história e dos personagens. Com o terreno preparado em X-Men: O Filme (2000), não foi difícil para Bryan Singer retomar a história dos mutantes mais queridos e amados das HQs e lançar uma continuação explosiva. O longa vai fundo na discussão sobre preconceito, o verdadeiro pano de fundo dos heróis criados por Stan Lee e Jack Kirby, e ainda utiliza como inspiração uma das sagas mais interessantes e talvez nem tão conhecidas do público, Deus Ama, o Homem Mata, do início dos anos 1980.

Após o ataque à Casa Branca perpetuado por Noturno (Alan Cumming), o querido mutante alemão de 99% dos fãs dos quadrinhos, o governo dos EUA dá o aval para o coronel William Stryker (Brian Cox, impecável) perseguir, prender e até matar os seres dotados do gene X. Ao mesmo tempo, Magneto (Ian McKellen) consegue escapar da prisão graças à ajuda da fiel Mística (Rebecca Romijn) e se alia aos X-Men para resgatar o Professor Xavier (Patrick Stewart), uma das vítimas de Stryker. Se no longa anterior o problema dos mutantes era entre si, agora a disputa se torna social, contra o inimigo mais poderoso de todos: o preconceito.

Porém, estas são apenas as tramas principais de X-Men 2, que dá lugar a um amplo desenvolvimento dos personagens, sem afetar sua estrutura narrativa. Wolverine (Hugh Jackman, mais à vontade ainda no papel) retorna para ajudar a equipe e começa a ter pistas sobre seu passado, que envolvem o próprio Stryker. Uma de suas descobertas é Lady Letal (Kelly Hu), assistente mutante controlada pelo coronel e que também tem o corpo revestido de adamantium. A luta entre os dois é uma das mais sanguinárias e ferozes das telas, um balé violento e extremamente bem dirigido.

Se os fãs reclamaram que no filme anterior Tempestade (Halle Berry) não teve seu destaque em tela, aqui não há o que protestar. Ela voa, usa seus poderes climáticos de forma incrível e ainda segura a equipe nos momentos mais dramáticos. Além disso, sua química com Noturno é uma das mais belas amizades entre heróis já colocadas em tela. Por falar em química, Vampira (Anna Paquin) e o Homem de Gelo (Shawn Ashmore) engatam um romance que já tinha suas primeiras fagulhas realçadas em X-Men: O Filme. Porém, agora, com direito a um quente (e também gelado) beijo. Aliás, a cena em que os mutantes vão parar na casa do Homem de Gelo chega a ser tocante. Em um diálogo com seus pais, sua mãe pergunta: “você já tentou não ser mutante?” Uma questão que serve como identificação para qualquer minoria. É só trocar a palavra mutante por homossexual, por exemplo, que o resultado é o mesmo: sempre vai ter alguém que não aceita o diferente, o complexo, o fora da chamada “normalidade”.

E quem acaba sempre roubando a cena é Jean Grey, numa atuação contida e intensa de Famke Janssen. Após seus poderes começarem a se desenvolver timidamente no primeiro longa, aqui eles começam a perder o controle, preparando os fãs mais ardorosos para cenas que pontuam sua transformação em Fênix. O final duro e emocionante cria ainda mais expectativas para o que está para acontecer em X-Men 3: O Confronto Final (2006).

Não estranhe se lágrimas começarem a escorrer pelo rosto nos 20 minutos finais. É tudo tão apoteótico e bem amarrado que Singer entrega um dos melhores longas baseados em HQs. E mesmo após dez anos de seu lançamento, sua qualidade permanece praticamente imbatível. X-Men 2 é uma das grandes obras que merecem ser vistas e revistas, pois a cada piscadela há um elemento novo, uma dica do que pode ocorrer futuramente, um easter egg debaixo do nariz. Se alguém ainda tinha dúvidas, este filme fez com que os mutantes ficassem de vez no imaginário cinematográfico. Sorte do espectador e de quem gosta da sétima arte de qualidade.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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