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Desde a retomada do cinema nacional, na metade dos anos 1990, Xuxa Meneghel passou a estrelar um filme atrás do outro: Xuxa Abracadabra foi o quinto de uma série conscutiva, que contou com Xuxa Requebra (1999), Xuxa Popstar (2000), Xuxa e os Duendes (2001) e Xuxa e os Duendes 2 (2002) lançados anteriormente, todos incríveis sucessos de bilheteria, ultrapassando com folga a marca de 2 milhões de espectadores. Era curiosa tamanha popularidade, já que o consenso geral era de que “não vi e não gostei”, ou seja, eram supostamente tão ruins que nem valia a pena o esforço de assisti-los, pois somente crianças muito pequenas encontrariam alguma graça neles. Porém, quem se arriscasse no primeiro trabalho da loira sob o comando do diretor Moacyr Góes – eles retomariam a parceria em Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida (2004) e em Xuxinha e Guto contra os Monstros do Espaço (2005) – certamente perceberiam o quanto estes boatos não estavam tão longes da verdade.
Ainda que não seja tão ruim quanto o esperado, Xuxa Abracadabra também não pode ser apontado como um bom filme. Anunciado como o “mais infantil” dos filmes da apresentadora, talvez por isso seja também o mais bem acabado e idealizado. Um costume antigo de usar esse tipo de produção apenas para promover bandas musicais “do momento” e estrelinhas da ocasião, felizmente não ganha muito espaço – com exceção de uma participação um tanto descabida do quinteto Rouge, que no entanto não chega a incomodar. Xuxa nunca chegou sequer a ser considerada atriz – e ela própria tem consciência disso, já que não chega a exigir dela mais do que sua capacidade consegue – mas é uma verdadeira estrela, e tudo gira ao seu redor. É impressionante também o elenco de coadjuvantes que habilmente reúne ao seu redor, desde profissionais de talento, como Eva Todor, Cristina Pereira, Cláudia Raia e Sergio Mamberti, até outros que marcam presenças de prestígio, como Heloísa Périssé, Leandro Hassum, o ex-paquito Cláudio Heinrich e o galã Marcio Garcia.
Na trama, Xuxa e duas crianças – filhos do viúvo Garcia, seu objeto de paixão – caem dentro de um livro mágico, onde todas as histórias infantis terminam por se misturar, numa grande confusão. Pinóquio conversa com João & Maria, o Saci Pererê brinca com o Grilo Falante, Chapeuzinho Vermelho e Gato de Botas são assustados pelo Lobo Mau. Eles precisam fugir das maldades da Madrasta Malvada e do Barba Azul, além de ter que salvar Sofia (Xuxa) de um encanto mágico – ela toma o lugar de Branca de Neve e cai em sono profundo. Claro que o beijo apaixonado não virá de príncipe-sapo algum, mas sim de Matheus (Garcia), que irá em seu socorro, auxiliado pelo tio mágico (Mamberti).
Xuxa Abracadabra revela os defeitos de uma produção feitas às pressas. É verdade que este sempre foi um empecilho nos filmes de Xuxa, feitos à toque de caixa, religiosamente um por ano, num ritmo tipicamente industrial. Se a maquiagem impressiona – principalmente no Gato de Botas e no Lobo Mau, em que Kayky Brito e Lucio Mauro Filho ficam irreconhecíveis – e os efeitos especiais cumprem suas intenções à contento – como a participação de um Grilo Falante digital – a direção de arte parece ter sido engendrada sem muito estudo, assim como não há cuidado especial na fotografia ou em demais efeitos técnicos.
Resumindo: Xuxa Abracadabra não chega a ser um desastre, não constrange, porém se assemelha mais a um especial de final de ano da Rede Globo. Para os pequenos, parece funcionar. E como sua mensagem, apesar de convencional e sem surpresas, é ingênua, bem intencionada e responsável, consegue atingir seu público sem maiores preocupações. Definitivamente, não é recomendado a todos. Mas quem se interessar pode conferir sem maiores medos.
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