Crítica
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Todos conhecem a história: dois apaixonados estão prestes a se casar, mas a mãe de uma das partes não concorda com a união e faz de tudo para acabar com a cerimônia. Diversos filmes já foram feitos sob este pretexto. A maior parte, comédias românticas. LGBTQ, inclusive. Agora, acrescente o fato de que o casal é formado por dois homens, sendo um deles um stripper, e que a mãe deste é uma religiosa conservadora que não aceita a orientação sexual do filho e convoca todos seus companheiros da igreja para organizar um protesto na festa do casal. Ok, ainda não mudou muita coisa e a história parece ser igual a tantas outras que já se assistiu por aí. Pois You Should Meet My Son 2! (ou Você Deveria Conhecer Meu Filho 2) é exatamente isto: um longa-metragem simples em sua abordagem, que acaba sendo prejudicado pelo ativismo rasteiro e clichê apresentado na tela.
A produção de Keith Hartman não chega bem a ser uma continuação do título de 2011, no qual uma mãe descobre que seu filho é gay e faz de tudo para arranjar um bom partido para ele. Aqui, Mae (Robin S. Roth) já conta de cara que, após ir atrás de moças bem apessoadas para apresentar pro seu primogênito, Bryan (Tyler Richmeier) decidiu ir a um clube de striptease para encontrar o namorado ideal para o rapaz. Claro, porque gays vivem apenas em lugares do tipo. Mas tudo bem, o clichê é até perdoável por trazer à baila uma categoria mais marginalizada, que é a que explora o próprio corpo para poder se sustentar. Isto é apenas um introdução para mostrar que Bryan está há um bom tempo feliz ao lado do stripper Chase (Emory Duncan) e os dois vão se casar dali alguns dias. Só que Chase não contou para mãe, Irene (Ryann Robbins) nada disso. É onde Mae se mete onde não deve ("como uma mãe não vai ao casamento do próprio filho?") e acaba estragando ainda mais a relação do dançarino de boate com sua progenitora.
O mais complicado do roteiro é que a ideia em si não é ruim. Porém, sua execução é amadora e preguiçosa, indo por caminhos fáceis e estereotipados. Nem é preciso entrar no mérito inicial de que o casal protagonista é formado por dois belos brancos sarados (ainda que um seja o "tímido" e esconda o corpo). Os "padrõezinhos". Isso é chover no molhado. Ou de que Irene é a típica caipirona do sul norte americano que acredita que gays são sodomistas preparados para arder no inferno. Ou que os melhores amigos do stripper são drag queens e outros strippers. Ou de que o tímido teve poucos (quase nulos) casos sexuais na vida. São personagens que, obviamente, existem no lado de cá da tela, mas representam apenas uma fatia já desgastada no uso do audiovisual ao ilustrar a classe LGBTQ. Aliás, só G no caso. Ao mesmo tempo em que o filme tenta militar pela causa do amor, é um circo de clichês ambulantes e rasos. A melhor personagem neste ínterim (e a única com uma atriz que tenta atuar de forma mais convincente) é Rose (Nerissa Tedesco), a tia de Bryan. Uma "drag queen presa no corpo de uma mulher".
Percebe-se as boas intenções do diretor ao querer retratar o quão enraizado é o preconceito na sociedade, ainda mais nas cenas em que Mae tenta convencer os "fiéis" de que não é preciso seguir tudo que a Bíblia diz à risca (gerando algumas poucas cenas realmente engraçadas – ou que tentam ser – do longa) ou no diálogo entre Bryan e Irene fora da boate. Porém, tudo parece artificial demais, o que é ainda piorado pela decupagem televisiva (dos anos 90), um elenco sem carisma e diálogos expositivos ao extremo. Em tempos de pride e love wins, You Should Meet My Son 2 poderia ser um frescor que atingisse qualquer tipo de público se tivesse uma história bem contada. Nem precisava ter originalidade, mas ser um feijão com arroz bem feito. Porém, está mais para um ovo frito feito com várias casquinhas perdidas no meio. Esteticamente dá pra encarar, mas quando se sente o gosto, dá vontade de devolver o prato.
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