Um dos maiores retornos que o Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro tem proporcionado, em todos estes anos, desde sua estreia, em 1995, é a surpresa e a gratidão expressada por todos os artistas, técnicos, realizadores e profissionais envolvidos com a produção cinematográfica nacional sempre que as indicações – e, obviamente, também os resultados – são divulgados. Obter esse tipo de reconhecimento diretamente de um renomado conjunto crítico, com votantes do Norte ao Sul do país, oferece uma nova perspectiva, indo além da resposta imediata do público que frequenta às salas de cinema e também do abraço da indústria, que se expressa através do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e de outras entidades espalhadas pelo Brasil. O Guarani, assim, vem se destacando cada vez mais como uma expressão de apoio e incentivo a nossa arte, como podemos perceber tanto pelo envolvimento dos seus realizadores como pelas palavras daqueles que são apontados como os melhores a cada ano. A seguir, confira algumas destas manifestações dentre os tantos concorrentes aos melhores de 2013, todos indicados ao 19° Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro!
“Que massa! Fico muito feliz, pois esse filme é muito especial, foi em um momento muito marcante na minha vida. Foram feitos dois testes: o primeiro tive que improvisar uma cena, já o segundo criamos uma interação com outros atores. Também tive que aprender técnica de dança. E isso foi incrível, pois aprendi muito com todo o elenco. A Mariana Lima, por exemplo, é maravilhosa, uma super atriz. Contracenar com ela foi natural e espontâneo. E mesmo depois do filme pronto, nunca esperei pela repercussão que acabou tendo, com exibições no Brasil e no exterior. Não tinha a noção disso tudo, mas sei que tudo que o Rânia conseguiu foi pelo esforço e talento de todos que contribuíram para isso acontecer. Assim como essa indicação ao Guarani, que é resultado de um trabalho conjunto, e não só meu”.
Graziela Felix, indicada a Revelação do Ano por Rânia
“Uau! Que legal! Fiquei super feliz com a indicação ao Guarani, e não só por mim, mas por todos, pois ainda tem a Laila Zaid, concorrendo como Atriz Coadjuvante, a Mary, pela Maquiagem, e o Carlos Trilha pela Trilha Sonora! Todos fizeram lindos trabalhos!”
Thiago Mendonça, indicado a Melhor Ator por Somos Tão Jovens
“O sucesso de Cine Holliúdy e o reconhecimento do público sem dúvida foi um divisor de águas para o cinema do Ceará e para a minha carreira. Eu posso vir a fazer outros filmes de sucesso, mas o Cine Holliúdy vai ser sempre o Filme da minha Vida! E mais uma vez ter esse reconhecimento, através da indicação ao Guarani, só me traz mais orgulho por um trabalho que fiz com tanta dedicação”.
Edmilson Filho, indicado a Melhor Ator por Cine Holliúdy
“Fico pra lá de feliz com a indicação para o Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro. Depois de dois anos do lançamento, vejo o quanto esse filme tem me ensinado. Talvez seu principal mérito tenha sido reconhecer que a grande riqueza que se tinha ali era a ‘personagem’ Kátia Tapety e todo meu esforço, como diretora, foi dar liberdade para que ela emergisse. Essa simplicidade que está no filme, os fragmentos, as lacunas têm tudo a ver com o jeito da própria Kátia e acho que é isso que tem ajudado nessa carreira tão feliz que o filme vem tendo. As pessoas se sentem afetivamente próximas – justo ‘afeto’ e ‘proximidade’, duas palavras que não costumam frequentar o universo dos travestis quando vistos em matérias de jornais”.
Karla Holanda, diretora de Kátia, indicado a Melhor Documentário
“O Som ao Redor é, sem sombra de dúvidas, um divisor de águas na minha carreira. Um transbordamento em vários sentidos: obra aclamada que projetou meu trabalho para outros territórios, e representação do forte encontro artístico que tive com o cinema pernambucano, que se desdobra em outras obras e encontros potentes. Potencializou minha carreira, mas, acima de tudo, me trouxe profundas transformações pessoais. Fico muito feliz com a indicação ao Prêmio Guarani. Tudo que eu puder devolver ao filme em forma de reconhecimento de nosso esforço coletivo, e mais especificamente, sobre meu trabalho, me deixa muito feliz”.
Maeve Jinkings, indicada a Melhor Atriz Coadjuvante por O Som ao Redor
“Ainda tenho muitos personagens para fazer como ator. Mas talvez Tabu já seja o filme da minha vida. A gente se joga num projeto por vários motivos, e ali eu tinha o desejo de trabalhar com um cara como o Miguel Gomes, num filme feito fora do país, mas jamais imaginava o que aconteceria mais tarde. Depois de estrear no Festival de Berlim de 2012, Tabu se tornou uma espécie de clássico. E quando a gente acha que já aconteceu de tudo, vêm essas tantas indicações para o Guarani, três anos depois. Apesar de ter feito outros filmes antes, foi o Tabu que, de fato, marcou meu compromisso com o cinema. Se foi assim, uma das minhas missões é fazer essa ponte entre o que aprendi no filme do Miguel e o nosso cinema. Que essas seis indicações proporcionem mais exibições, que mais gente se delicie com o Tabu!”
Ivo Müller, ator de Tabu, indicado em seis categorias, inclusive a Melhor Filme
“Transformar a canção em filme foi um processo que levou mais de dez anos. Mas era um desejo meu, um sonho de juventude, e o resultado me deixou muito feliz. O roteiro foi e voltou por diversos roteiristas umas trezentas vezes. Foram vários profissionais envolvidos nesse processo, porque queríamos ter certeza de que estávamos fazendo o melhor. A escolha dos atores principais, todos também indicados ao Guarani, nos exigiu muitos testes até chegarmos naqueles que eram exatamente quem estávamos buscando. Fizemos o filme tal qual a gente queria, toda decisão foi muito bem pensada e muito colaborativa. Este foi um filme feito para emocionar o coração e a mente, e o resultado de tantas indicações ao Guarani mostra que, pelo jeito, estávamos no caminho certo”.
René Sampaio, indicado a Melhor Filme por Faroeste Caboclo
“Este é um filme que foi feito para abrir janelas, não para se acomodar. A nudez é presente, mas é muito normatizada. Talvez o que mais incomode é que o desejo dos homens está sendo colocado pela afetividade. Isso as pessoas não estão acostumadas a discutir. Perdi muito tempo trabalhando no roteiro, no bom sentido, e tenho muito carinho por ele, pois o que me interessava nele era dar conta das minhas convicções. Estou feliz também pelo Irandhir Santos, pois ele foi muito importante neste processo. Ele é um ator de uma interpretação muito grande, muito elaborada, mas ele desceu do alto da pirâmide e interagiu com todos os atores. Foi um trabalho incrível de umas seis semanas maravilhosas.”
Hilton Lacerda, indicado a Melhor Direção e a Melhor Roteiro Original por Tatuagem
“Festivais e prêmios são sempre muito importantes. Acredita-se que o prêmio possa ser o maior reconhecimento pelo seu trabalho. Mas a gente tem que estar sempre preparada, tanto para o sim quanto para o não. Nunca se sabe ao certo o que vai acontecer, nem antes, e nem depois. O que fica, no entanto, é o filme. E este é um que tem o que dizer, que acrescenta ao espectador, que provoca uma inquietação. Os problemas da personagem são universais, muito humanos. E por isso receber esse reconhecimento no Guarani é tão importante”.
Hermila Guedes, indicada a Melhor Atriz por Era Uma Vez Eu, Verônica
“Fazer cinema sempre foi uma paixão. Fazer este filme foi um grande prazer, me preparei para o personagem por mais de três meses antes do começo das filmagens. Era um tipo muito interessante, pois apesar de ser gay, essa não era a coisa mais importante sobre ele. Minha intenção foi propor um olhar diferente sobre o assunto. Fiquei muito impressionado com a reação das pessoas que viam nossa história, o impacto era muito forte. Foi uma composição discreta, sensível, e é sobre isso o filme, sobre relações de afeto”.
Miguel Thiré, indicado a Melhor Ator Coadjuvante por A Memória que me Contam
“A reação do público ao filme foi ótima, o que me deixou muito feliz. Esse jogo de memória é impressionante, leva um tempo até você entender o que está acontecendo. E todo prêmio ou indicação é quase como ganhar um abraço. A gente trabalha tanto, que quando acontece esse tipo de retorno é muito importante, me deixa muito feliz. Prêmio, no entanto, é algo que você tem que ganhar e esquecer, porque por outro lado é só aquela alegria momentânea da vitória, do reconhecimento. Depois a vida continua, e aquele prêmio não vai mudar a sua vida. Ele aumenta a nossa responsabilidade para os próximos trabalhos, mas também não pode deixar aquilo ocupar um espaço muito grande na nossa vida, porque senão a gente perde o prazer pelas coisas. É preciso saber se divertir”.
Simone Spoladore, indicada a Melhor Atriz Coadjuvante por A Memória que me Contam
“O projeto nasceu desde o princípio como desenho animado, sempre gostei de histórias em quadrinhos, então resgatei essa paixão e fui em frente. Queria que essa graphic novel tivesse a cara do Brasil, e por isso tivemos muita pesquisa. É um filme brasileiro, mas também universal, pois fala de resistência, e isso é importante a qualquer hora e lugar. Ninguém está acostumado com animações para adultos, ainda mais um longa nacional, então cada resultado positivo foi muito comemorado. O filme bate muito forte em que o assiste. Fizemos o nosso melhor, e todo reconhecimento tem um grande significado”.
Luiz Bolognesi, indicado a Melhor Roteiro Original por Uma História de Amor e Fúria
“São dois projetos que envolvem o nome do Renato Russo. Primeiro tem a cinebiografia do Renato e do surgimento do Legião Urbana, e depois a versão cinematográfica de uma canção icônica dele. Enquanto roteirista, procuro não me focar nas complicações, pelo contrário, vejo todo o fazer cinematográfico como algo gostoso, divertido. O que me atrai primeiro são as histórias”.
Marcos Bernstein, indicado a Melhor Roteiro Adaptado por Somos Tão Jovens e por Faroeste Caboclo
“Fico muito feliz pelas indicações, afinal o Brasil foi apresentado – através do Cine Holliúdy – a este grande ator de talento ilimitado. Não é fácil convencer distribuidores que uma nova estrela irá brilhar. É preciso ter muita convicção para apostar tão alto. E eu nunca tive receio em jogar todas as fichas de olhos fechados. Já o figurino teve um papel muito importante para situar a história no seu tempo, tendo o cuidado da delicada diferença entre a moda dos anos 1970 nas grandes cidades e no interior do Ceará. A discrição interiorana na medida certa em contraponto ao exagero da moda das novelas da época foi a desafio maior. Joana foi precisa na pesquisa e acertou a medida que eu buscava nas minhas recordações. Apesar de ser seu primeiro trabalho, ela apresentou um olhar apurado”.
Halder Gomes, diretor de Cine Holliúdy, indicado a Melhor Ator e Melhor Figurino
“Personagens gays, como fiz em Tatuagem e em Serra Pelada, possuem o viés do proibido, do que não pode ser falado, e talvez por isso estejam tão em voga. Mas acho que ainda temos alguns muros e paredes para quebrar e desmitificar. Espero sempre o melhor para mim e para todos os meus, sem nenhuma modéstia. Espero que qualquer prêmio ganho faça jus ao esforço de toda a equipe e o resultado final. Surpresa boa esse regalo também no Guarani, me deixou extasiado”.
Jesuíta Barbosa, indicado a Revelação do Ano por Tatuagem
“Sempre falei com o Caetano que o set de O Que Se Move deveria ser chamado de ‘O set da delicadeza’. As conversas sempre em tons baixos, os temas duros e cruéis abordados com muito cuidado. Nada de gritaria ou porrada. Não conhecia pessoalmente as outras atrizes, mas fomos a Gramado juntas e quando o prêmio foi anunciado e, dolorosamente, eu não estava lá, as duas subiram juntas ao palco por mim. Por nós. O Que Se Move é um filme que reuniu todos do elenco e da equipe num imenso amor. Culpa do Caetano”.
Fernanda Vianna, atriz de O Que Se Move, indicado a Melhor Elenco
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