Wilson Lazaretti, de História Antes de uma História

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Nunca, em toda a nossa história de animadores ambulantes por este país, fomos coroados com tantos elogios e tantas possibilidades de competir e vir a sermos contemplados em festivais. Estamos concorrendo, com o mesmo filme, na V Edição do Prêmio Platino no México, que vai acontecer daqui a alguns dias. Claro, estamos também muito orgulhosos de ter chegado no patamar do Prêmio Guarani, um dos mais importantes da cinematografia brasileira. Esta classificação já é um reconhecimento. Estamos apreensivos e com muito medo. Talvez este medo passe depois! História Antes de uma História tem um significado especial para nós, pois é como se fosse uma biografia do nosso estúdio – Núcleo de Cinema de Animação de Campinas. Talvez possamos ir além e dizer que é o resultado de nossas andanças pelo Brasil e pelo mundo, ensinando e aprendendo animação. O filme fala, tangencia, e ora se aprofunda, em questões filosóficas pertinentes a um criador, não necessariamente um animador. Consideramos que seja, por exemplo, um diário, uma confissão do que é para nós a arte da animação, e por isso é sincero. O modo de animação que surge manifesta-se através da simplicidade. Nada de movimentos rebuscados, planos mirabolantes, efeitos 3D etc. Os desenhos simplesmente estão ali, retidos na tela a cada momento e nada mais existe além dela. Eles continuam a existir, porém, pura e simplesmente na cabeça do espectador, onde permanece por muito tempo. Não importa o estilo com o qual foram representados. Há uma frase de Gilberto Gil que gosto muito de dizer que é: “O povo sabe o que quer, mas também quer o que não sabe!”. Acho que o nosso trabalho e conhecimento situam-se mais após a conjunção “mas” do que antes dela.
Wilson Lazaretti, indicado a Melhor Animação por História Antes de uma História