20180514 malasartes e o duelo com a morte papo de cinema e1526328322435

Sempre, quando penso nos desafios do filme Malasartes e o Duelo contra a Morte, me recordo inicialmente da decupagem do roteiro e dos efeitos e das várias conversas com o diretor Paulo Morelli, o fotografo Adrian Teijido, o diretor de cenografia Tule Peake e o coordenador Diego Moreira. E, claro, a produção executiva, pois havia também a obrigação de não estourar o orçamento. O filme era tão desafiador, em tantos sentidos, que parecia inatingível. Os desenhos dos cenários e as concepções artísticas eram fantásticos. Realmente, tudo estava bem acima de qualquer desafio já enfrentado no mundo cinematográfico brasileiro de efeitos especiais que seriam gerados em computação gráfica.
Lembro claramente da primeira cena-teste que fizemos, com as velas e os fios da vida. Foi a partir desse teste que tudo realmente começou, antes mesmo das filmagens.
Em um filme que temos cenas totalmente geradas em computação gráfica, o conceito de pós-produção não se aplica. Então, o próprio diretor comandava algumas cenas. Isso fez da O2 a pioneira no Brasil nesse tipo de conceito, o que significa que as regras físicas de ótica, câmera e cenário tiveram que ser entendidas como algo real.
Algumas novidades tecnológicas foram usadas no filme, como scanner 3D no set de filmagem e o uso de atores para que os artistas de modelagem e texturas tivessem uma ótima referência para trabalhar no computador com as adequadas proporções e formas reais dos mesmos. Usamos os melhores softwares e artistas com nível técnico e criativos altíssimos, que passaram por produções internacionais que comprovam tal potencial. Comento que muitos softwares são adequados ao mercado norte-americano e, por causa disso, tivemos que ajustar diversos parâmetros à nossa produção, pois o filme foi ambientado no interior de São Paulo, ou seja, a flora era tipicamente brasileira, e são detalhes assim que tivemos que nos preocupar.
Como supervisor de efeitos, ganhar um prêmio como esse é muito gratificante, mas sem uma equipe – e ainda mais, essa equipe que tivemos no Malasartes– jamais tamanha realização teria sido possível. Compartilho com todos da equipe essa premiação com muita gratidão”.

Ricardo Bardal
Premiado como Melhores Efeitos Especiais por Malasartes e o Duelo com a Morte