As Boas Maneiras é o campeão de indicações deste ano, concorrendo em 13 categorias!
Nada menos do que 50 filmes – entre longas e curtas, nacionais e estrangeiros, de ficção, documentário e animação – foram lembrados com ao menos uma indicação no 24o Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro, a maior e mais ampla premiação da crítica nacional. Os recordes começaram a ser quebrados ainda antes de qualquer título ser citado, no entanto. A própria formação da Academia Guarani de Cinema, que foi composta por mais de 50 críticos de cinema, professores, jornalistas e pesquisadores. Eles foram os responsáveis por escolherem, entre os 165 longas nacionais lançados comercialmente no último ano, 70 curtas-metragens premiados nos principais festivais de cinema do Brasil e cerca de uma centena de produções estrangeiras, os melhores de 2018. Agora terá início uma nova fase de votação, quando será definido o grande vencedor dentre os cinco finalistas de cada uma das 24 categorias da premiação. Para essa segunda etapa, mais de uma centena de reconhecidos profissionais da área já confirmaram suas participações.
E o campeão de indicações deste ano é o drama sobrenatural As Boas Maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra, que disputam 13 categorias. Logo em seguida vem o suspense O Animal Cordial, de Gabriela Amaral Almeida, com 11 indicações. Os dramas familiares O Beijo no Asfalto, de Murilo Benício, e Benzinho, de Gustavo Pizzi, ficaram empatados com 9 indicações, enquanto que o drama social Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans, aparece em sete categorias. Estes cinco são também os finalistas a Melhor Filme do Ano e são os mesmos que disputam, também, a categoria de Melhor Direção.
Neste ano, algumas novidades foram adicionadas ao Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro. A categoria de curta-metragem, que foi incluída pela primeira vez em 2017, dessa vez foi dividida em duas: Documentário em Curta e Ficção em Curta. Já as produções animadas no formato disputarão em pé de igualdade com os longas na unificada Melhor Animação. Outra divisão se fez na categoria de Revelação, agora separada em Masculina e Feminina. Em Filme Estrangeiro, dois fatos inéditos: é a primeira vez que quatro dos cinco finalistas concorreram também ao Oscar de Melhor Filme, e três dos cinco indicados tem como língua majoritária o inglês. Entre os longas brasileiros, outro recorde: 31 produções foram lembradas. Confira a seguir a lista completa com todos os indicados.
FILME DO ANO
Entre os nove profissionais lembrados nessa categoria, chama atenção a presença da veterana Sara Silveira, que está em sua oitava indicação – ela foi premiada como Melhor Filme por Bicho de Sete Cabeças (2001). Rodrigo Teixeira está em sua quarta indicação, enquanto que Murilo Benício conta com três indicações anteriores, mas essa é a sua primeira nessa categoria. Todos os demais são estreantes. Outro fato interessante é que os cinco finalistas aqui concorrem também a Melhor Direção – algo que não acontecia desde 2015. Além disso, são também os filmes campeões de indicações neste ano. As Boas Maneiras, além de contar com 13 indicações, foi premiado como Melhor Filme no Festival do Rio, enquanto que Arábia, com 7 indicações, foi o grande vencedor do Festival de Brasília. O Beijo no Asfalto, com 9 indicações, foi escolhido pelo júri popular como Melhor Filme no Festival SESC Melhores Filmes, Dos cinco, apenas Benzinho (9 indicações) foi lembrado na mesma categoria no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. O Animal Cordial (11 indicações), por sua vez, recebeu prêmios no Festival do Rio e no Fantaspoa, além de ter marcado presença em diversos eventos internacionais.
DOCUMENTÁRIO EM LONGA-METRAGEM
Dos cinco finalistas, apenas dois conseguiram indicações em mais alguma categoria, um desempenho que poderia ser apontado como problemático, não fosse um outro detalhe: a imensa produção do formato, que lançou mais de 80 títulos nos cinemas em 2018. Assim, os votos acabaram divididos. Dos finalistas, O Processo sai na frente por ter sido selecionado para o Festival de Berlim, premiado em Buenos Aires, Lisboa e Madri, indicado ao Prêmio Fenix e ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, e ter ganho o Festival SESC Melhores Filmes pelos júris da crítica e popular. Além dele, apenas Ex-Pajé concorre também ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. O longa dirigido por Luiz Bolognesi foi premiado na Berlinale, no É Tudo Verdade e no Festival de Chicago. Baronesa foi o grande vencedor da Mostra de Tiradentes e premiado em Lisboa e em Mar del Plata, sem esquecer que também foi indicado ao Prêmio Fenix. Histórias que o nosso cinema (não) contava e Auto de Resistência tiveram passagens de destaque no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Entre os produtores, chama atenção as presenças de Caio e Fabiano Gullane, que estão na 11a indicação, sendo a segunda nessa categoria. No entanto, já foram premiados seis vezes, quatro na categoria principal de Melhor Filme, por títulos como Bicho de Sete Cabeças (2001), O Lobo Atrás da Porta (2014), Que Horas Ela Volta? (2015) e Como Nossos Pais (2017).
DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM
Dos cinco indicados nesta categoria, apenas dois concorrem também ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro: Copacabana-Auschwitz, de Jaiê Saavedra, e Maré, de Amaranta César – este último ganhou o Olhar de Cinema, em Curitiba. Entre os demais, temos NoirBlue, de Ana Pi, reconhecido no Curtas BH, Catadora de Gente, de Mirela Kruel, vencedor da Mostra de Cinema de Gostoso, e Inconfissões, de Ana Galizia, que foi selecionado para o É Tudo Verdade e para o Festival Mix Brasil.
FICÇÃO EM CURTA-METRAGEM
Assim como na categoria irmã de Documentário, entre as Ficções também temos 2 entre os cinco finalistas que estão ainda na disputa pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro: Nova Iorque, de Léo Tabosa, que foi o grande vencedor do Cine Ceará, e O Órfão, de Carolina Markowicz, premiado no Festival do Rio. Entre os demais, destaque para Reforma, de Fábio Leal, escolhido como o melhor no formato pelo júri oficial do Mix Brasil. Eu, Minha Mãe e Wallace, dos irmãos Carvalho, foi selecionado para o Festival de Brasília, enquanto que Plano Controle passou na 10a Semana do Cinema, no Rio de Janeiro. Outra curiosidade é que a cineasta Juliana Antunes é diretora também de Baronesa, que concorre a Melhor Longa Documentário!
ANIMAÇÃO
Guaxuma, de Nara Normande, e Lé Com Cré, de Cassandra Reis, são os dois títulos que concorrem também na mesma categoria do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. O primeiro, aliás, foi o grande vencedor do Festival de Gramado, enquanto que O Homem na Caixa, de Alvaro Furloni, Ale Borges e Guilherme Gehr, foi reconhecido no Anima Mundi. Plantae, que é também dirigido por Guilherme Gehr, foi premiado em diversos festivais, como Cine PE, Cine Ceará e Festival de Gramado. Por fim, Peixonauta: O Filme foi a única animação brasileira em longa-metragem a ser lançada comercialmente nos cinemas nacionais, e com qualidade suficiente para garantir sua inclusão entre títulos curtos reconhecidos no Brasil e no exterior.
FILME ESTRANGEIRO
Os Estados Unidos é o país campeão de indicações ao Guarani – já concorreu em outras 14 ocasiões, com 9 vitórias – mas, curiosamente, desde 2013 não marcava presença na premiação. Um fato que foi invertido com força neste ano. Afinal, além de contar novamente com um representante, outros dois títulos são co-produções norte-americanas: um com a Inglaterra (6 indicações e 2 vitórias, sem concorrer desde 2006) e outra com a Itália (7 indicações e 1 vitória, sem concorrer desde 2013). Já a Coréia do Sul, por outro lado, está em sua quarta indicação – a terceira consecutiva, pois concorreu também em 2016 e em 2017 – e foi premiada uma vez. Por fim, esta é a terceira indicação do México, único dos cinco países indicados desta vez a nunca ter ganho o Guarani – ao menos até o momento. Alfonso Cuarón, diretor de Roma, é, por outro lado, o único dos cinco indicados com uma indicação prévia – concorreu em 2001 por E Sua Mãe Também, igualmente um título mexicano.
DIREÇÃO
Esta é a primeira vez que duas duplas de cineastas são indicadas juntas ao Guarani nesta categoria. Dos sete diretores selecionados, apenas Juliana Rojas e Marco Dutra possuem indicações prévias por aqui – ambos concorrem pela quinta vez ao Guarani. Juliana, no entanto, está em sua segunda disputa em Direção, enquanto que Dutra concorre pela terceira vez como realizador. Curiosamente, em 2016 os dois foram indicados nesta categoria, mas por filmes diferentes – e, portanto, disputando um contra o outro. Outro detalhe interessante é que Gabriela Amaral Almeida e Murilo Benício estão ambos em seus primeiros filmes – este último concorre em quatro categorias diferentes neste ano e possui três indicações anteriores, mas em outras atividades. Rojas, Dutra e Gustavo Pizzi receberam, cada um, três indicações neste ano, enquanto que Affonso Uchoa, João Dumans e Gabriela Amaral Almeida disputam duas categorias cada.
ATOR
Murilo Benício concorre em nada menos do que quatro categorias neste ano. Nesta, no entanto, ele surge como favorito, tanto por estar em um dos filmes campeões de indicações como, também, por ter sido premiado por este desempenho no Festival do Rio. Nesta ocasião, no entanto, dividiu o reconhecimento justamente com Daniel de Oliveira, pelo mesmo longa aqui indicado. Benício havia sido indicado anteriormente em três ocasiões – duas como protagonista – e ganhara como Ator Coadjuvante por Até que a Vida nos Separe (1999). Esta é a sexta indicação de Daniel de Oliveira (a quinta nessa categoria), que já conta com três vitórias: Ator e Revelação por Cazuza: O Tempo não Para (2005) e Ator por A Festa da Menina Morta (2010). O campeão de indicações entre os cinco finalistas, no entanto, é Lázaro Ramos, que é lembrado pela nona vez (a quinta nesta categoria). Ele também conta com três vitórias: Ator e Revelação por Madame Satã (2002) e Ator por O Homem que Copiava (2003). Marco Ricca, por sua vez, tem duas vitórias – Ator, por Chatô: O Rei do Brasil (2015), e Ator Coadjuvante, por As Duas Irenes (2017) – em cinco indicações anteriores (esta é a terceira vez que concorre nesta categoria). Por fim, Aristides de Sousa está em sua primeira indicação ao Guarani.
ATRIZ
Das cinco indicadas, tanto Karine Teles quanto Isabel Zuaa já foram premiadas no Guarani – apenas Teles, no entanto, ganhou nessa categoria, por Riscado, em 2011 (esta é a quarta indicação dela). Zuaa, por sua vez, está em sua segunda indicação, e ganhou antes como Revelação por Joaquim, em 2017. Luciana Paes está em sua segunda indicação, enquanto que tanto Grace Passô quanto Magali Biff são estreantes na premiação. Passô, por este trabalho, foi premiada no Festival do Rio, enquanto que Teles ganhou o Festival de Gramado e Paes foi condecorada no Fantaspoa. Das cinco indicadas, Karine Teles não pode ser considerada favorita apenas por estar em um dos filmes com o maior número de indicações, mas também por ser a única que recebeu mais de uma indicação neste ano – ela concorre ainda a Melhor Roteiro Original, igualmente por Benzinho.
ATOR COADJUVANTE
Dos cinco finalistas deste ano, temos um dos campeões de indicações: esta é a oitava vez que Irandhir Santos disputa um Guarani, sendo que já ganhou em quatro ocasiões – Ator por Febre do Rato (2012) e por Tatuagem (2013), e Ator Coadjuvante por Olhos Azuis (2010) e A História da Eternidade (2015). Julio Andrade, por sua vez, conquistou sua quinta indicação – ganhou uma vez, como Coadjuvante, por Gonzaga: De Pai pra Filho (2012). Tanto Otávio Müller quanto Osmar Prado possuem apenas uma indicação prévia, cada um, e sempre nessa categoria. O estreante, portanto, é Ícaro Silva, que responde também pela única indicação do seu filme.
ATRIZ COADJUVANTE
Cinco velhas conhecidas do Prêmio Guarani foram selecionadas nesta categoria neste ano. Mas nenhuma é mais premiada do que a veterana Fernanda Montenegro, que conquistou sua sétima indicação – ganhou em duas ocasiões, como Atriz, por Central do Brasil (1998), e como Coadjuvante, por Traição (2000). Todas as demais já foram indicadas, mas ainda almejam a primeira vitória. Drica Moraes concorre pela quarta vez, enquanto que tanto Marjorie Estiano quanto Adriana Esteves possuem duas indicações prévias, ambas com uma em cada categoria – Atriz e Atriz Coadjuvante. Camila Morgado é a que enfrentou o maior intervalo sem uma indicação – ela concorreu apenas uma vez antes, e como protagonista, por Olga, em 2004 – ou seja, quinze anos atrás!
REVELAÇÃO MASCULINA
Este é o primeiro ano em que a categoria de Revelação é dividida entre Masculina e Feminina. Dos cinco finalistas por aqui, apenas um está em um título concorrente a Melhor Filme – Konstantinos Sarris, de Benzinho. Tanto ele quanto Jaloo, de Paraíso Perdido, estão em longas que disputam também a categoria de Melhor Elenco, o que demonstra a força do conjunto ao qual pertencem. Por outro lado, Giovanni de Lorenzi responde por uma das duas únicas indicações de Ferrugem – e a outra é justamente em Revelação Feminina. Shico Menegat, de Tinta Bruta, e Thalles Cabral, de Yonlu, ao contrário dos seus colegas de categoria, são protagonistas dos seus filmes, e por tais trabalhos foram premiados em diversos festivais, tanto no Brasil quanto no exterior.
REVELAÇÃO FEMININA
Assim como na categoria-irmã de Revelação Masculina, apenas uma das finalistas aqui está em um longa indicado a Melhor Filme: Luiza Tiso, de O Beijo no Asfalto. Ela, no entanto, é a mais coadjuvante dentre as cinco finalistas. Bianca Bin, de Canastra Suja, pode ser apontada como uma das protagonistas, assim como Aline Brunne, de Café com Canela, ou Bárbara Luz, de Unicórnio. Tifanny Dopke também é um dos principais nomes de Ferrugem. Tiso e Bin estão nos dois longas que disputam também como Melhor Elenco, enquanto que Brunne é responsável pela única indicação que seu filme recebeu.
ELENCO
Dos cinco indicados nesta categoria, três estão na disputa também de Melhor Filme, o que deixa claro o quanto os votantes do Guarani levam em consideração o desempenho das atuações de cada título. Todos os cinco disputam ainda ao menos uma das seis categorias de atuação: O Animal Cordial está em Ator, Atriz, Ator Coadjuvante e Atriz Coadjuvante; O Beijo no Asfalto está em Ator, Atriz Coadjuvante e Revelação Feminina; Benzinho está em Atriz, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante e Revelação Masculina, Canastra Suja está em Revelação Feminina e Paraíso Perdido está em Ator Coadjuvante e Revelação Masculina.
DIREÇÃO DE ARTE
Dois dos cinco indicados a Direção de Arte concorrem também a Melhor Filme. As Boas Maneiras tem 13 indicações – é o recordista deste ano – enquanto que Benzinho disputa 9 categorias. Paraíso Perdido é o título intermediário – tem seis indicações – enquanto que O Grande Circo Místico (4 indicações) e Chacrinha: O Velho Guerreiro (3 indicações) foram lembrados, basicamente, pelos desempenhos de suas equipes técnicas.
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
Walter Carvalho é um dos ‘queridinhos’ do Prêmio Guarani – esta é a sua décima oitava indicação, sendo que já foi premiado em sete ocasiões anteriores: Terra Estrangeira (1995), Central do Brasil (1998), Lavoura Arcaica (2002), Amarelo Manga (2003), Baixio das Bestas (2007), Heleno (2012) e O Filme da Minha Vida (2017). Leonardo Feliciano e Glauco Firpo são estreantes na premiação, enquanto que Rui Poças e Mauro Pinheiro Jr. foram premiados uma vez cada um: Poças por Tabu, em 2013, enquanto que Pinheiro Jr. ganhou por Os Famosos e os Duendes da Morte, em 2010.
EFEITOS ESPECIAIS
As categorias técnicas chamam atenção neste ano por uma maior diversidade de títulos. Aqui, por exemplo, temos as únicas indicações de O Doutrinador e de O Nó do Diabo, enquanto que tanto A Mata Negra quanto Motorrad receberam apenas duas indicações. Por outro lado, a quinta vaga ficou com As Boas Maneiras – o campeão de indicações neste ano.
FIGURINO
Tanto Marcelo Pies quanto Kika Lopes como Cássio Brasil somam indicações – e prêmios – prévios no Guarani. Luciana Buarque e Kiki Orona, por outro lado, são estreantes. Unicórnio recebeu apenas três indicações, e tem aqui uma das suas maiores chances de vitória. Por outro lado, Chacrinha: O Velho Guerreiro e O Grande Circo Místico são tramas de época, nas quais as ambientações sempre são levadas em conta – sem falar que ambos concorrem também em Direção de Arte, assim como As Boas Maneiras e Paraíso Perdido, o que evidencia a proximidade das duas categorias.
MAQUIAGEM
Uma das duas únicas indicações de A Mata Negra, a curiosidade aqui é que o maquiador Rodrigo Aragão é também o diretor do filme – e um dos maiores especialistas na técnica, além de ser uma das referências nacionais no gênero terror. O Animal Cordial e As Boas Maneiras também apostam na adrenalina do espectador para conquistar as audiências, e a maquiagem é grande responsável pelas transformações vistas em cena. Por outro lado, Chacrinha: O Velho Guerreiro e O Grande Circo Místico fizeram uso do recurso não para assustar, mas para investir na credibilidade dos seus personagens através dos tempos.
MONTAGEM
Dos cinco indicados, três concorrem a Melhor Filme – e os outros dois a Melhor Longa Documentário. Histórias que o nosso cinema (não) contava é um título que se constrói basicamente a partir da montagem, e a excelência demonstrada no uso das imagens pesquisadas e aqui reunidas garantiu muito do seu sucesso. Por outro lado, O Processo tratou de um tema bastante pesado, mas com dinamismo suficiente para prender a atenção do espectador por mais de duas horas. A metragem também não foi problema para As Boas Maneiras, filme que apresenta duas estruturas bem distintas, como dois lados de uma mesma moeda. O Beijo no Asfalto fez uso da criatividade para combinar presente e passado, documentário e ficção, na recriação de um clássico, enquanto que Arábia acompanha a jornada do seu protagonista em dois tempos.
ROTEIRO ADAPTADO
Dos cinco indicados, apenas Alguma Coisa Assim tem aqui sua única indicação – e é o único baseado também em uma outra produção dos seus próprios realizadores, os diretores Esmir Filho e Mariana Bastos. Tanto Arábia quanto O Beijo no Asfalto concorrem ainda a Melhor Filme, e se o primeiro se inspirou em um clássico da literatura mundial para criar uma versão bem brasileira da trama, o segundo se apoiou em uma peça que é referência no teatro nacional. Lucas Paraizo construiu Aos Teus Olhos fazendo uso de elementos da literatura e também do cinema, enquanto que Ana Luiza Azevedo, Jorge Furtado e Vicente Moreno trouxeram o clássico Rasga Coração para os dias de hoje com uma ressonância ímpar.
ROTEIRO ORIGINAL
O casal de realizadores Filipe Matzembacher e Márcio Reolon havia concorrido ao Guarani como Revelação pelo trabalho de estreia da dupla, Beira-Mar (2015). Também realizadores, agora disputam pela primeira vez a categoria de Roteiro. Caroline Leone possui uma indicação anterior, mas como montadora. Tanto Gabriela Amaral Almeida quanto Gustavo Pizzi estão concorrendo ao Guarani pela primeira vez, enquanto que Karine Teles tem sua segunda indicação neste ano – ainda que seja estreante nessa categoria. Por fim, tanto Juliana Rojas quanto Marco Dutra já havia sido indicados antes por aqui, sem vitórias até o momento, no entanto.
SOM
Gabriela Cunha (O Animal Cordial e As Boas Maneiras), Bernardo Uzeda (As Boas Maneiras e 10 Segundos para Vencer) e José Moreau Louzeiro (10 Segundos para Vencer e Motorrad) receberam, cada um, duas indicações nesta categoria, estando concorrendo contra eles mesmos por filmes diferentes. Um total de 13 profissionais foram lembrados, sendo que a dupla de Arábia é a única que não esteve envolvia em outras produções.
TRILHA SONORA
Edu Lobo e Zeca Baleiro são nomes referenciais no cancioneiro nacional, e o fato de estarem concorrendo pela primeira vez ao Guarani é motivo de sobra para celebração. No entanto, o trabalho de Nando Barth a partir das composições originais vistas – e ouvidas – em Yonlu também é bastante impressionante. Paraíso Perdido é uma jornada musical, da mesma forma que O Grande Circo Místico. Mas será que serão ameaçados pelo clima proposto pelas composições de O Animal Cordial ou pelas desventuras presenciadas em As Boas Maneiras? Neste último, chama a atenção a presença dos realizadores Juliana Rojas e Marco Dutra, que concorrem, além dessa categoria, também em Direção e Roteiro Original.
RANKING:
Recorde! Nada menos do que 31 longas nacionais – um a mais do que em 2017 – receberam ao menos uma indicação em 2018. Além disso, tivemos 5 produções estrangeiras e 14 curtas-metragens! Ou seja, um total de 50 títulos diferentes concorrem ao 24o Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro! Com 13 indicações, As Boas Maneiras ficou atrás, no entanto, dos recordistas históricos da premiação: A Máquina (16 indicações), Bingo: O Rei das Manhãs e Abril Despedaçado (15 indicações cada).
Todos os indicados às 24 categorias do 24o Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro foram escolhidos a partir de uma votação com mais de 50 críticos de cinema, professores, jornalistas e pesquisadores de todo o país. A Academia Guarani de Cinema contou, em sua maioria, com a participação de associados das principais associações do gênero: ABRACCINE, ACCIRS, ACECCINE e ACCRJ. Esta é, portanto, a maior e mais ampla premiação da crítica de cinema no Brasil. Confira, a seguir, a relação completa de longas indicados como os melhores de 2018:
As Boas Maneiras (13): Filme, Direção, Atriz, Atriz Coadjuvante, Direção de Arte, Direção de Fotografia, Efeitos Especiais, Figurino, Maquiagem, Montagem, Roteiro Original, Som, Trilha Sonora
O Animal Cordial (11): Filme, Direção, Ator, Atriz, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Elenco, Maquiagem, Roteiro Original, Som, Trilha Sonora
O Beijo no Asfalto (09): Filme, Direção, Ator, Atriz Coadjuvante, Revelação Feminina, Elenco, Direção de Fotografia, Montagem, Roteiro Adaptado
Benzinho (09): Filme, Direção, Atriz, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Revelação Masculina, Elenco, Direção de Arte, Roteiro Original
Arábia (07): Filme, Direção, Ator, Direção de Fotografia, Montagem, Roteiro Adaptado, Som
Paraíso Perdido (06): Ator Coadjuvante, Revelação Masculina, Elenco, Direção de Arte, Figurino, Trilha Sonora
O Grande Circo Místico (04): Direção de Arte, Figurino, Maquiagem, Trilha Sonora
Chacrinha: O Velho Guerreiro (03): Direção de Arte, Figurino, Maquiagem
Rasga Coração (03): Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado
Tinta Bruta (03): Revelação Masculina, Direção de Fotografia, Roteiro Original
Unicórnio (03): Revelação Feminina, Direção de Fotografia, Figurino
10 Segundos Para Vencer (02): Ator Coadjuvante, Som
A Mata Negra (02): Efeitos Especiais, Maquiagem
Aos Teus Olhos (02): Ator, Roteiro Adaptado
Canastra Suja (02): Revelação Feminina, Elenco
Ferrugem (02): Revelação Masculina, Revelação Feminina
Histórias que o nosso cinema (não) contava (02): Documentário Longa, Montagem
Motorrad (02): Efeitos Especiais, Som
O Processo (02): Documentário Longa, Montagem
Pela Janela (02): Atriz, Roteiro Original
Yonlu (02): Revelação Masculina, Trilha Sonora
Alguma Coisa Assim (01): Roteiro Adaptado
Auto de Resistência (01): Documentário Longa
Baronesa (01): Documentário Longa
Café com Canela (01): Revelação Feminina
Catadora de Gente (01): Documentário Curta
Copacabana-Auschwitz (01): Documentário Curta
Em Chamas (01): Filme Estrangeiro
Eu, Minha Mãe e Wallace (01): Ficção Curta
Ex-Pajé (01): Documentário Longa
Guaxuma (01): Animação
Inconfissões (01): Documentário Curta
Infiltrado na Klan (01): Filme Estrangeiro
Lé Com Cré (01): Animação
Legalize Já (01): Ator Coadjuvante
Maré (01): Documentário Curta
Me Chame Pelo Seu Nome (01): Filme Estrangeiro
NoirBlue (01): Documentário Curta
Nova Iorque (01): Ficção Curta
O Doutrinador (01): Efeitos Especiais
O Homem na Caixa (01): Animação
O Nó do Diabo (01): Efeitos Especiais
O Órfão (01): Ficção Curta
Peixonauta: O Filme (01): Animação
Plano Controle (01): Ficção Curta
Plantae (01): Animação
Praça Paris (01): Atriz
Reforma (01): Ficção Curta
Roma (01): Filme Estrangeiro
Trama Fantasma (01): Filme Estrangeiro
Um grupo de mais de 100 profissionais da crítica de cinema nacional irão escolher os melhores do 24o Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro. Os vencedores serão anunciados em 30 de agosto de 2019.
