Em 1998, um novo recorde foi quebrado no Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro: o grande vencedor levou nada menos do que sete prêmios! Até então, nenhum filme havia vencido em mais de quatro categorias! Mas se tratou de um campeão de respeito: Central do Brasil, de Walter Salles, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim e do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, além de ter recebido duas indicações ao Oscar: Melhor Atriz e Filme Estrangeiro! Central do Brasil recebeu um total de nove indicações, e recebeu os seguintes Guaranis: Filme, Direção, Atriz, Roteiro, Fotografia, Trilha Sonora e Revelação. Concorreu ainda à Melhor Atriz Coadjuvante e Figurino.
Outras produções premiadas na quarta edição do Prêmio Guarani foram: Kenoma, de Eliane Caffé, que ganhou Melhor Ator e Ator Coadjuvante; Amores, de Domingos Oliveira, vitorioso como Melhor Atriz Coadjuvante; e Amor & Cia, de Helvécio Ratton, como Melhor Figurino. Ao todo, oito longas foram lembrados entre os melhores da temporada, sendo que a metade saiu vitoriosa em ao menos uma categoria. Outra novidade foi a volta da categoria de Revelação, que mais uma vez foi para uma criança: Vinícius de Oliveira, de Central do Brasil.
Com a vitória deste ano, Walter Salles entrou para o seleto time de vitoriosos de 3 Guaranis, ao lado apenas de Murilo Salles (eles não são parentes). Já Matheus Nachtergaele, Jaques Morelenbaum, Walter Carvalho e Marcos Bernstein entraram para o grupo de premiados com 2 Guaranis, ao lado de Daniela Thomas, Caetano Veloso, Marieta Severo e Marília Pêra.
FILME
Indicados:
O grande vencedor foi justamente Central do Brasil, o recordista de indicações e de vitórias: ao todo, saiu premiado em sete categorias. Em quatro anos de premiação, é a segunda vez que um longa dirigido por Walter Salles é escolhido o melhor do ano – o primeiro foi Terra Estrangeira (1995), co-dirigido por Daniela Thomas, grande vencedor da primeira edição. Dos quatro indicados, apenas Um Céu de Estrelas não foi premiado em nenhuma categoria.
DIREÇÃO
Indicados:
Dois homens e duas mulheres foram indicados, e o vencedor foi Walter Salles, que se tornou o primeiro cineasta a ganhar dois Guaranis nesta categoria. Pela primeira vez, os quatro concorrentes aqui também disputavam a principal, de Melhor Filme. Destaque também para a presença do veterano Domingos Oliveira, que estava há quase trinta anos sem lançar um longa nos cinemas, trabalhando durante esse período somente no teatro e na televisão.
ATOR
Indicados:
Primeira indicação – e vitória – de José Dumont. Paulo José e Paulo Vespúcio também estavam concorrendo pela primeira vez. Ao contrário de Marco Nanini, que teve aqui sua segunda indicação – ele foi premiado antes por Carlota Joaquina: Princesa do Brazil (1995).
ATRIZ
Indicadas:
Das quatro indicadas, três estavam concorrendo pela primeira vez. A grande vencedora foi a veterana Fernanda Montenegro, que pelo mesmo trabalho foi indicada ao Oscar e ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim. Patrícia Pillar era a única que estava aqui que já havia concorrido antes: esta foi sua terceira indicação! Ela havia sido indicada antes, sempre como Coadjuvante, por Menino Maluquinho: O Filme (1995) e por O Monge e a Filha do Carrasco (1996).
ATOR COADJUVANTE
Indicados:
Matheus Nachtergaele se tornou o primeiro ator a ganhar dois Guaranis em anos consecutivos – esta é sua segunda indicação, e ele havia concorrido, e sido premiado, antes, também nesta categoria, por O Que É Isso, Companheiro? (1997), um ano antes. Antes dele, apenas Marília Pêra havia conseguido esse feito, em 1995 e em 1996. Esta foi a única categoria deste ano que contava com dois concorrentes do mesmo filme – além de Nachtergaele, Jonas Bloch também fora indicado. Ele, assim como Lima Duarte e Alexandre Borges, estava concorrendo pela primeira vez.
ATRIZ COADJUVANTE
Indicadas:
Após duas vitórias consecutivas, ambas nesta categoria, por Jenipapo (1995) e por Tieta do Agreste (1996), Marília Pêra recebeu sua terceira indicação ao Guarani. Apesar de estar no filme do ano, a vitoriosa foi a novata Clarice Niskier, na única conquista de Amores. Esta foi sua primeira indicação, assim como Giulia Gam e Florinda Bolkan, que também eram inéditas na premiação.
ROTEIRO
Indicados:
Esta foi a única das categorias principais a contar com apenas três finalistas. O vencedor foi Central do Brasil, pelo trabalho da dupla Marcos Bernstein e João Emanuel Carneiro. Esta foi também a segunda indicação de Domingos Oliveira neste ano, pois ele também concorreu a Melhor Direção.
FOTOGRAFIA
Indicados:
Segunda indicação – e vitória – de Walter Carvalho, que antes foram reconhecido por outro trabalho com o diretor Walter Salles: Terra Estrangeira, em 1995. Central do Brasil, aliás, era o único dos quatro indicados que também concorria na categoria principal, a de Melhor Filme.
FIGURINO
Indicados:
Esta foi a única vitória do longa Amor & Cia, que recebeu, ao todo, cinco indicações. Foi, também, uma das únicas categorias a que Central do Brasil foi indicado, mas não ganhou.
TRILHA SONORA
Indicados:
Esta foi a segunda indicação – e segunda vitória – do compositor Jaques Morelenbaum, que havia ganho antes por O Quatrilho (1995). Todos os demais, inclusive os músicos Chico Buarque e Nico Nicolaiewsky , estavam em suas primeiras indicações.
REVELAÇÃO
Assim como já era tradição nos anos anteriores, a Revelação do Ano foi uma escolha unânime, sem apontar concorrentes. E o premiado foi Vinícius de Oliveira, o protagonista masculino de Central do Brasil. Ele junta às demais crianças premiadas anteriormente nesta categoria: Samuel Costa (Menino Maluquinho: O Filme, 1995) e Priscila Assum e Silvio Guindane (Como Nascem os Anjos, 1996). Claudia Liz (As Meninas, 1995) segue sendo a única adulta a ser reconhecida aqui.
FILME ESTRANGEIRO
Indicado:
Curiosamente, apenas dois filmes foram indicados neste ano nesta categoria: um dos Estados Unidos e outro da Holanda. E foi a produção norte-americana a premiada, pelo segundo ano consecutivo. Indicada a 3 Oscars, o longa de Peter Weir ganhou 3 Globos de Ouro (Ator, Ator Coadjuvante e Trilha Sonora) e 3 Bafta (Direção, Roteiro Original e Trilha Sonora), além de ter sido eleito o Melhor Filme Estrangeiro no European Film Awards e em premiações na Australia, Espanha e Dinamarca. Já o longa holandês foi o vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro daquele ano – vencendo o brasileiro O Que É Isso, Companheiro? (1997) – além de ter recebido um troféu especial no Festival de Cannes e sido reconhecido como Melhor Filme Estrangeiro por associações na Polônia, Estados Unidos, Portugal e França.
FILMES PREMIADOS
FILMES INDICADOS