20200226 007 sem tempo para morrer papo cinema

Acompanhamos atentos os movimentos da indústria do cinema rumo ao privilégio do streaming em detrimento das salas de cinema. Há quem diga que a pandemia acelerou alguns processos inevitáveis nesse sentido de reorganizar as placas tectônicas de um negócio bilionário. Agora surge outro enorme indício dessa mudança significativa de paradigmas. De acordo com a Variety, grandes players desse mercado relativamente jovem – Apple, Netflix e outros – exploraram a possibilidade de lançar 007: Sem Tempo para Morrer diretamente em suas plataformas. Adiado diversas vezes após a explosão do surto de Covid-19, o filme poderia ser o primeiro grande evento a debutar longe das telonas. Segundo a Bloomberg, estima-se que a MGM já perdeu entre US$ 30 e 50 milhões por conta desses adiamentos. “Não comentamos boatos. O filme não está à venda. O lançamento foi adiado até abril de 2021 para preservar a experiência cinematográfica dos espectadores, disse um porta-voz da MGM à Variety .

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Pois é, então, oficialmente, o filme ainda será lançado em abril de 2021 nos cinemas. No entanto, o flerte da MGM com o streaming foi real, segundo várias fontes consultadas pela Variety. Elas disseram que o estúdio explorou abertamente a alternativa de estrear 007: Sem Tempo para Morrer em âmbito virtual desde que os interessados estivessem dispostos a pagar algo em torno de US$ 600 milhões, preço considerado proibitivo mesmo para empresas que andam investindo pesado em compra e produção de conteúdo. Claro que muita água teria de rolar debaixo da ponte para isso acontecer. A Universal Pictures, responsável pela distribuição internacional do longa, teria de ser compensada; as parcerias promocionais teriam de ser notificadas e aceitarem, etc. Mas, sintomático é o movimento de consultar o mercado sobre a possibilidade. É, os novos tempos realmente estão aí, embaixo dos nossos narizes.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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