16º Festival de Cinema Italiano :: Curadora fala dos desafios da edição 2021

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Marcelo Müller

Desde que a pandemia da Covid-19 impôs um cenário dramático no mundo, os festivais de cinema tiveram de se reinventar. Com a impossibilidade das nossas tão queridas reuniões presenciais nas salas escuras, boa parte desses eventos migrou para o online. Ainda em 2021, alguns deles foram remotos e outros optaram por um hibridismo que talvez tenha vindo para ficar. O Festival de Cinema Italiano chega neste ano à sua 16ª edição, justamente com exibições presenciais e online. Para quem estiver em São Paulo, a boa é conferir entre os dias 05 e 12 de novembro na telona do Petra Belas Artes (Rua da Consolação, 2423 – Consolação, São Paulo). Mas, a programação também conta com uma edição remota, em cartaz no site oficial do evento (que pode ser acessado aqui), entre os dias 05 de novembro e 05 de dezembro. Conversamos brevemente com Erica Bernardini, curadora do evento, sobre os desafios da 16ª edição: “A pandemia fez com que nosso festival fosse completamente online em 2020. Tivemos até uma abertura em drive-in, mas entramos pela primeira vez numa plataforma. Aprendemos a migrar para o online, mas também sentimos muita falta da magia da sala de cinema. Por isso, neste ano, a opção foi pelo formato híbrido. Embora 2020 tenha sido muito triste, ele nos mostrou que com o formato online chegaríamos a todos os cantos do Brasil e para diversas classes sociais. Optamos por privilegiar a acessibilidade e não restringir o acesso aos filmes às cidades com infraestrutura. Dito isso, é muito importante continuar nas salas de cinema. Acredito que nas próximas edições continuaremos no formato híbrido, expandindo o circuito das salas, mas mantendo o online”.

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E se produzir eventos dessa magnitude já é difícil em condições normais de temperatura e pressão, o que dizer dessa realização num cenário ainda repleto de incertezas? “O desafio maior deste ano foi fazer um evento com a mesma qualidade. Obviamente, no online sofremos com a concorrência das grandes plataformas internacionais. Acreditamos que 2021 está sendo positivo, claro, salvo as consequências trágicas da pandemia, porque nosso festival aumentou consideravelmente o número de filmes. Temos de agradecer o apoio, pelo primeiro ano, da embaixada italiana, que nos permitiu estar em todo o Brasil por meio da plataforma e de forma gratuita. E teremos neste ano o prêmio Pirelli, dado ao filme mais visto pelo público, um incentivo para que posteriormente ele seja distribuído comercialmente por aqui”. Erica ainda falou conosco sobre os critérios que orientaram o recorte curatorial desta edição 2021: “Partimos dos exemplares apresentados em festivais internacionais. Temos, por exemplo, oito longas apresentados recentemente no Festival de Veneza, mas também procuramos filmes que talvez nem chegassem por aqui, mesmo tendo ido muito bem nas salas de cinema da Itália. Procuramos trazer filmes de gente consagrada e de uma nova geração de cineasta italiano, bem como das novas produtoras. Algumas delas, mesmo com as restrições da pandemia, mostraram a capacidade de reinvenção da cinematografia italiano”.

Por fim, a curadora Erica Bernardini falou de uma das meninas dos olhos do evento, a retrospectiva que, neste ano, possibilitará ao público brasileiro uma revisita a filmes que contam com as partituras de grandes compositores, tais como Ennio Morricone, Nino Rota, Nicola Piovani, Ritz Ortolani, Andre Guerra, Valerio Vigilar e Piero Piccioni. “O festival busca anualmente resgatar a história do cinema italiano com clássicos. Isso já faz parte do formato do nosso festival. A escolha deste ano pelas mais belas trilhas sonoras foi para homenagear o talento e a sensibilidade de grandes maestros italianos que deixaram marcas inesquecíveis na Sétima Arte”. Vale lembrar que os 16 filmes da mostra As mais belas trilhas sonoras do cinema italiano é uma exclusividade da versão online. A programação completa do 16º Festival de Cinema Italiano você confere nas notícias relacionadas acima.   

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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