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23ª Mostra de Tiradentes :: Até o Fim, dos diretores de Café com Canela, é aplaudido de pé

Publicado por
Bruno Carmelo

Embora a noite de segunda-feira da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes não tenha sido a mais marcante em termos de qualidade dos filmes exibidos, ela apresentou seu projeto mais popular até o momento: Até o Fim (2020), comédia dramática dirigida por Glenda Nicácio e Ary Rosa, a dupla responsável por Café com Canela (2017) e Ilha (2018).

O filme, menor orçamento dos diretores até então, apresenta uma noite no bar de Geralda, reencontrando três irmãs que não via há quinze anos. Conforme bebem e fumam, passam a revelar segredos do passado e mágoas guardadas uma com a outra. Dotado de diálogos descontraídos e atrizes confortáveis com tantas brigas e piadas, despertou risadas do público, que aplaudiu o resultado de pé. Uma pequena multidão se formou ao redor da diretora Glenda Nicácio e das atrizes para parabenizá-las.

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Sessão de Até o Fim no Cine-Tenda. Foto: Jackson Romanelli / Universo Produção

 

Por mais que se comemore a reação calorosa, também se pode questionar as escolhas cinematográficas de Até o Fim. A direção contenta-se em deslizar sua câmera freneticamente pelo rosto das mulheres, os diálogos acumulam frases de efeito para verbalizar as ideias dos diretores sobre emancipação feminina, e o clímax com sucessivas revelações beira o novelesco. Mesmo assim, é inegável que Nicácio e Rosa encontraram um raro terreno intermediário entre o filme hermético de autor e o cinema popular, um espaço que ainda precisa ser explorado pela produção brasileira. Leia a nossa crítica.

Em contraponto com o catártico Até o Fim, foi exibido o sóbrio drama Sequizágua (2020), retrato mineiro sobre famílias vivendo em assentamentos enquanto lidam com o problema da seca. O diretor Maurício Rezende valoriza os tempos mortos e a amplitude do espaço vazio para reforçar a sensação de abandono dessas pessoas. O resultado é belo, ainda que um tanto apático pela recusa em introduzir uma única cena mais forte para destoar da linearidade. Leia a nossa crítica.

No dia 28 serão exibidos os longas-metragens inéditos É Rocha e Rio, Negro Léo (2020), dirigido por Paula Gaitán, e Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu (2019), dirigido por Bruno Risas. As mostras Panorama e Foco apresentam sua terceira e segunda sessões, respectivamente.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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