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Após uma série de dramas sóbrios e documentários politizados entre os longas-metragens, a 23ª Mostra de Tiradentes trouxe um representante do cinema de gênero para a Mostra Aurora, dedica a diretores com até três longas-metragens no currículo. Canto dos Ossos (2020), dirigido por Jorge Polo e Petrus de Bairros, apresenta a narrativa sobre duas “monstras” atravessando gerações.

Os protagonistas são jovens gays, lésbicas e transexuais envolvidos confrontando-se a predadores sedentos por carne humana, seitas secretas e escolas com segredos. Talvez o roteiro careça de mais trabalho na articulação entre tempos e no desenvolvimento de personagens, ao passo que a produção tem seus problemas. Mesmo assim, a exploração do terror gera cenas criativas, relacionando muito bem a marginalidade dos monstros com a marginalidade da comunidade LGBT. Leia a nossa crítica.

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Equipe de Canto dos Ossos. Foto: Netun Lima / Universo Produção

 

Ainda na Mostra Aurora foi exibido o documentário Cadê Edson? (2020), dirigido por Dácia Ibiapina. A cineasta apresenta a trajetória de Edson Francisco da Silva, homem analfabeto que se instruiu ao conhecer as lutas por moradia e se filiar ao MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. O filme acompanha as diversas ocupações lideradas por Edson, vítima de diversas tentativas de assassinato e de prisão.

Em presença do próprio Edson, o filme foi fortemente aplaudido pela plateia no Cine-Tenda, onde ecoaram algumas palavras de ordem contra o atual governo. Apesar da força catártica em sua denúncia por justiça social, o filme não investiga a fundo as contradições políticas e éticas cercando seu personagem principal. Leia a nossa crítica.

Na quinta-feira, dia 30, a Mostra Aurora exibe os longas-metragens Pão e Gente (2020), dirigido por Renan Rovida, e Mascarados (2020), dirigido por Marcela Borela e Henrique Borela. Na Mostra Olhos Livres, o documentário Fakir (2019), dirigido por Helena Ignez, será apresentado ao público local. Entre os curtas-metragens, a Mostra Panorama 5 apresenta sua penúltima sessão.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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