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Nos bastidores da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes, alguns espectadores e jornalistas tinham certo receio de assistir a um documentário de mais de 2h30 de duração. Seria É Rocha e Rio, Negro Léo (2020) apenas uma longa exposição didática sobre a vida do artista?

Ora, o resultado surpreendeu positivamente o público na Cine-Tenda, palco principal de Tiradentes. O filme dirigido por Paula Gaitán não apenas apresenta um bom ritmo, como se revela divertido e nada didático. A cineasta, mais conhecida por suas ficções como Exilados do Vulcão (2013), deixa que Negro Léo se expresse livremente dentro de casa, o que significa uma conversa fascinante sobre cultura, arte e política, além de manifestações musicais improvisadas.

Ao final, o público ainda pôde descobrir uma apresentação musical de Ava Rocha, filha de Paula Gaitán, com participação especial de Negro Léo. Pela riqueza das discussões e pela liberdade formal, É Rio e Rocha, Negro Léo se apresenta como um dos pontos altos do festival até o momento. Leia a nossa crítica.

 

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Apresentação de Negro Léo e Ava Rocha após a exibição do filme. Foto: Jackson Romanelli / Universo Produção

 

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Dando continuidade à Mostra Aurora, o longa-metragem Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu (2020), dirigido por Bruno Risas, apresenta uma curiosa mistura entre ficção e documentário. Colocando em cena os próprios familiares, ele expõe tanto a situação financeira complicada da família quanto a possibilidade iminente da chegada de um elemento extraterrestre.

O registro híbrido entre a apreensão e a representação do real gera bons momentos, bem filmados e fotografados, ainda que a brincadeira de linguagem não seja explorada a fundo. Já o componente de ficção científica possui uma função modesta dentro do projeto. Leia a nossa crítica.

Na noite do dia 29, dois novos filmes serão apresentados dentro da Aurora, principal mostra competitiva de Tiradentes: o documentário Cadê Edson? (2019), dirigido por Dácia Ibiapina, e a ficção Canto dos Ossos (2020), dirigida por Jorge Polo e Petrus de Bairros.

 

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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