29º Festival de Vitória :: Bete Mendes é ovacionada em sua homenagem

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Victor Hugo Furtado

A quarta noite do 29º Festival de Cinema de Vitória, nessa quinta-feira, 22, se conectou profundamente com, pelo menos, as últimas seis décadas da história política e artística nacional. No palco Teatro Glória, Bete Mendes recebeu o Troféu Vitória e um caderno biográfico inédito em homenagem a sua trajetória. Aos 73 anos, a carreira da atriz se confunde com a arte da interpretação nacional e com a militância dos intérpretes anti-opressão. Segundo anunciado pelos realizadores do festival, a iniciativa tem a proposta de “reforçar o trabalho de documentação e da construção de memória em torno do audiovisual produzido no Brasil“. Para além da consagração de Bete, foram exibidos, como de costume, quatro curtas e um longa.

Foto: Thais Gobbo.

A passagem de Bete no palco do teatro foi breve. Isso porque a atriz já havia debatido por mais de uma hora com os jornalistas em uma coletiva realizada na tarde de ontem, no Golden Tulip, na capital capixaba. Entretanto, reforçou as dificuldades de se fazer arte no Brasil. “Só quem vive disso sabe o quanto pode ser difícil expressar seu trabalho e obter apoio de leis de fomento“. E seguiu: “Lutei, luto e continuarei lutando para que os artistas tenham seu espaço garantido“. “Eu me emocionei de várias formas aqui em Vitória. Me fizeram chorar desde que acordei hoje. Obrigado por esse carinho“, completou. Na esteira, a estrela do teatro, do cinema e da TV também pontou em relação à eleição presidencial que se aproxima. “Nunca pensei que pessoas como esta, que governa o Brasil e seus seguidores, existissem e dominariam a cena política nacional como fizeram nos últimos quatro anos“. “O que mais quero para o futuro é que possamos voltar a sorrir e ter nossos direitos validados por um governo que se preocupe com a população“. Bete completou revelando seu voto para Presidente da República em Luiz Inácio Lula da Silva: “por favor, no dia 02 de outubro, é Lula lá!“. Nesse momento, foi aplaudida de pé.

Foto: Thais Gobbo.

Vale lembrar que Bete Mendes atua no teatro desde os anos 1950. Na TV, estreou em 1967 com a novela Águias de Fogo. Já na tela grande, debutou em 1968 com Sandra Sandra. Além de ser reconhecida como a estrela das populares telenovelas Beto Rockfeller (1968-1969) e O Rebu (1974-1975), e do clássico do cinema nacional Eles Não Usam Black-Tie (1981), Bete também consolidou uma relevante atuação na política desde os anos 1970, quando lutou contra a ditadura militar. Nos anos seguintes, paralelamente à carreira artística, chegou a ocupar cargos públicos, sempre em defesa da cultura e dos trabalhadores da cultura no país.

Em seguida, foram projetados os curtas Hospital de Brinquedos, de Georgina Castro, Como Respirar Fora D’água, de Júlia Fávero e Victoria Negreiros, Orixás Center, e Fantasma Neon, de Leonardo Martinelli. O longa da noite, Germino Pétalas no Asfalto, sensibilizou os presentes ao contar a história de adolescentes em transição de sexualidade. A trama de Coraci Ruiz e Julio Matos segue Jack e suas as transformações de vida e no país, atravessados por um governo de extrema direita e por uma pandemia devastadora.

O 29º Festival de Cinema de Vitória seguirá até o dia 24 de setembro. Toda a programação é gratuita. Durante a semana, serão realizadas mostras competitivas, debates com cineastas e atividades de formação. E não esqueça, o Papo de Cinema está presente para trazer críticas, entrevistas exclusivas e notícias.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: victor@papodecinema.com.br

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