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26 nov

A noite de abertura do 33º Cine Ceará – Festival Iberoamericano de Cinema foi marcada por fortes emoções. Depois da longa exibição dos vídeos dos patrocinadores – embora cansativa, revigorante no sentido de enfatizar as múltiplas parcerias que viabilizam o evento -, foi a vez da exibição de Ilha das Flores (1989) como encerramento da mostra A Cinemateca é Aqui, conjunto de sessões paralelas que visa celebrar grandes clássicos do nosso cinema. A manutenção de seu impacto cinematográfico significa o poder desse filme com menos de 15 minutos. Seu discurso ácido se mantém infelizmente pertinente por conta da manutenção dos abismos sociais que continuam, muitas vezes, submetendo seres humanos como telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor a condições degradantes de vida. Em seguida, o palco do evento foi tomado pelas homenagens a Bete Jaguaribe e George Moura.

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Bete recebeu o troféu Eusélio de Oliveira das mãos de duas ex-alunas, as produtoras Bárbara Cariry e Ticiana Augusto Lima. No seu discurso de agradecimento, várias vezes aplaudido em cena aberta, Bete relembrou um pouco de sua trajetória e fez questão de pontuar o quanto é gratificante estar num momento de retomada cultural num pais que até há pouco tempo era governado por um presidente que várias vezes atacou de maneira pública o setor cultural. Ao chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro de genocida e saudar o retorno de Lula ao cargo máximo do Executivo, Bete foi ovacionada. Sua fala foi ao encontro de outras tantas da noite que citaram o alívio de não termos mais um governo de extrema direita. Na sequência, foi a vez de George subir ao palco para receber a sua homenagem das mãos da amiga, atriz e diretora Patrícia Pillar. O roteirista e dramaturgo leu um discurso lindíssimo em que brincou com aspectos de sua profissão, homenageou os filhos e a esposa, além de celebrar a arte e o Nordeste.

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Patrícia Pillar e George Moura. Foto/Chico Gadelha

A noite foi encerrada com a exibição do primeiro longa-metragem da Mostra Competitiva Iberoamericana: A Mulher Selvagem (2023). Depois, teve vez a festa oficial de abertura. Jornalistas, convidados e integrantes das equipes confraternizaram ao som do forró num quiosque da Praia do Futuro.

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Marcelo Müller

Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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