Ailton Graça passou como um furação pelo 33º Cine Ceará nesta terça-feira, 28. Já pela manhã, na coletiva cedida à imprensa que acompanha o evento, o ator foi de uma simpatia tremenda, mostrando que estava realmente muito feliz por receber tamanho reconhecimento pela carreira. Ele fez questão de enfatizar o quanto se sente parte de um conjunto de artistas negros/negras, citando figuras como Grande Otelo e Léa Garcia, entre outros tantos que ajudaram a pavimentar um caminho para que ele estivesse ali. Muito articulado e risonho, Ailton discorreu sobre políticas públicas, falou de ancestralidade e de aumentar o “pretagonismo” das obras audiovisuais, brincou com os jornalistas e reafirmou sua imagem simpática. À noite, já no Cineteatro São Luiz, Ailton foi às lágrimas ao subir ao palco para receber o troféu Eusélio Oliveira, especialmente ao rememorar um pouco da sua trajetória no mundo da arte, citar os familiares e afirmar que é preciso descobrir a nossa brasilidade por meio de filmes, séries e novelas.
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Na sequência, o Cine Ceará preparou uma verdadeira maratona com quatro curtas-metragens e um longa, participantes de suas respectivas mostras competitivas. Pode-se dizer que foi a noite mais “forte” até agora do evento pela qualidade dos filmes. O primeiro foi A Bata do Milho (2023), de Eduardo Liron e Renata Matta, documentário baiano que retrata cantos de trabalho de modo bonito e reverente. Na sequência veio Cabana (2023), de Adriana de Faria, ficção paraense ambientada na Cabanagem (revolta que aconteceu no Grão-Pará, entre os anos de 1835 e 1840), que traz duas mulheres resistindo aos perigosos que se aproximam. Depois foi a hora e a vez de Bença (2023), ficção paranaense dirigida por Mano Cappu, baseada em suas experiências, que mostra pai e filho se encontrando na cadeia. Por fim, a ficção A Sombra da Terra (2023), de Marcelo Domingues, mesclou animação e terror para contar uma história enigmática envolvendo a lua (e com a presença ilustre de Paulo Betti no elenco). Finda a exibição dos curtas, foi a vez do longa-metragem chileno O Castigo (2023), dirigido por Matías Bize, que despontou entre os favoritos até então com seu plano-sequência capturando o mal-estar numa relação pós-desaparecimento do filho.