Se há quem afirme que o Rio Grande do Sul ou a Bahia (apenas dois exemplos) são estados tradicionalmente bairristas, é porque não conhece o Distrito Federal. E este sentimento deve ter pesado bastante na hora do Júri Oficial do 47° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro escolher os melhores deste ano. Os dois únicos títulos brasilienses concorrentes nas mostras nacionais foram premiados, sendo que entre os longas o grande campeão de ano foi Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós, feito em Ceilândia. Além do principal prêmio da noite – e do montante de R$ 250 mil, que, por iniciativa de todos os selecionados, será dividido entre os seis longas da mostra – conquistou ainda os troféus Candango de Ator (Marquim da Tropa), Direção de Arte, Crítica, Saruê, TV Brasil e Mostra Brasília. É curioso pensar, no entanto, que este é o quarto festival que este filme participa neste ano – após Tiradentes, Curitiba e Vitória – e somente aqui, na sua ‘casa’, é que conseguiu garantir o prêmio máximo da competição.
O segundo longa mais premiado da noite foi Brasil S/A, com cinco Candangos: Direção, Roteiro, Trilha Sonora, Som e Montagem. Já o filme mais aguardado da competição, Ventos de Agosto – que no mês passado recebeu menção honrosa no Festival de Locarno, na Suíça – precisou se contentar apenas com os prêmios de Atriz (Dandada de Morais), Fotografia e o Troféu Vagalume. Pingo d’Água, de Taciano Valério, e Sem Pena, de Eugênio Puppo, foram os únicos dos seis longas a não serem reconhecidos em nenhuma categoria pelo júri oficial – o último, no entanto, ganhou o prêmio do Júri Popular.
É curioso perceber que o Festival de Brasília aposta definitivamente no fim da divisão de gêneros entre Documentários e Ficções. Nas categorias de atuações, apenas atores não-profissionais foram reconhecidos. Os coadjuvantes Renato Novaes e Elida Slipe, ambos de Ela Volta na Quinta, interpretam a si mesmos no filme, enquanto que o melhor ator foi Marquim da Tropa, reconhecido por seu trabalho em um documentário (!). A única que apresenta, de fato, um trabalho de composição de personagem é a estreante Dandara de Morais, reconhecida como melhor atriz. Entre os Curtas o mesmo se repetiu: enquanto Maeve Jinkings, conquistou merecidamente o troféu de interpretação feminina, Zé Dias é um senhor centenário que aparece como ele mesmo, vivendo o seu dia a dia. O que, ao menos de acordo com a percepção do júri oficial, foi suficiente para qualificá-lo como melhor desempenho masculino.
LONGAS
- Melhor Filme: Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós
- Júri Popular: Sem Pena, de Eugênio Puppo
- Direção: Marcelo Pedroso, por Brasil S/A
- Ator: Marquim do Tropa, de Branco Sai, Preto Fica
- Atriz: Dandara de Morais, de Ventos de Agosto
- Ator Coadjuvante: Renato Novaes, de Ela Volta na Quinta
- Atriz Coadjuvante: Elida Silpe, de Ela Volta na Quinta
- Roteiro: Marcelo Pedroso, por Brasil S/A
- Fotografia: Gabriel Mascaro, por Ventos de Agosto
- Direção de Arte: Denise Vieira, por Branco Sai, Preto Fica
- Trilha Sonora: Brasil S/A
- Som: Brasil S/A
- Montagem: Brasil S/A
- Troféu ABRACCINE – Prêmio da Crítica: Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós
- Troféu Vagalume de Melhor Longa: Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro
- Prêmio Saruê: Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós
- Prêmio Exibição TV Brasil: Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós
- Melhor Longa da Mostra Brasília: Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós
Dos doze curtas selecionados, apenas cinco foram premiados. O grande vencedor foi o pernambucano Sem Coração, que levou ainda os troféus Candango de Direção, Montagem e Prêmio Canal Brasil. A crítica, por sua vez, apostou no paulistano Estátua!, reconhecido ainda como Melhor Atriz (Maeve Jinkings) e Roteiro. O brasiliense Crônicas de uma Cidade Inventada, além do prêmio de Melhor Filme na Mostra Brasília, conquistou ainda o Júri Popular e o Troféu Vagalume. É de se lamentar, no entanto, as ausências do paulistano B-Flat (ótimos atores e bom roteiro), da animação gaúcha Castillo y el Armado, exibida anteriormente no Festival de Veneza, e do maranhense – porém filmado no Rio Grande do Sul – Nua por Dentro do Couro, que além de um ótimo elenco, possui uma direção firme, um roteiro engenhoso e um montagem inteligente (característica presente também no mineiro Vento Virado, outro ignorado).
CURTAS
- Melhor Filme: Sem Coração, de Nara Normande e Tião
- Júri Popular: Crônicas de uma Cidade Inventada, de Luísa Caetano
- Direção: Nara Normande e Tião, por Sem Coração
- Ator: Zé Dias, por Geru
- Atriz: Maeve Jinkings, por Estátua!
- Roteiro: Gabriela Amaral Almeida, por Estátua!
- Fotografia: Loja de Répteis
- Direção de Arte: Loja de Répteis
- Trilha Sonora: Loja de Répteis
- Som: Geru
- Montagem: Sem Coração
- Troféu ABRACCINE – Prêmio da Crítica: Estátua!, de Gabriela Amaral Almeida
- Troféu Vagalume de Melhor Curta: Crônicas de uma Cidade Inventada, de Luísa Caetano
- Melhor Curta da Mostra Brasília: Crônicas de uma Cidade Inventada, de Luísa Caetano
- Prêmio Aquisição Canal Brasil: Sem Coração, de Nara Normande e Tião
(Fonte: Papo de Cinema e Festival de Brasília)
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