20191109 74287932 2205538396214780 5216195514218840064 o 1 e1573347161886

A noite de 8 de novembro marcou o início da 6ª Mostra de Cinema de Gostoso, na cidade de São Miguel do Gostoso, Rio Grande do Norte. Com a particularidade de exibir sua mostra competitiva numa enorme tela a céu aberto, em plena Praia do Maceió, o evento exibe alguns dos melhores filmes nacionais do ano, além de uma seleção de curtas-metragens premiados e inéditos.

O Estado, governado pela pedagoga Maria de Fátima Bezerra, filiada ao PT, recebeu a Mostra com coros de Lula Livre, puxados pelos próprios diretores do festival, Eugênio Puppo e Matheus Sundfeld, e prontamente respondidos pela plateia local. A liberação do ex-presidente ecoava pelos comentários e também nos discursos dos artistas convidados, a exemplo de Marcélia Cartaxo, que subiu ao palco para apresentar o primeiro longa-metragem em competição, Pacarrete (2019).

LEIA MAIS:
Festival :: 6ª Mostra de Cinema de Gostoso
6ª Mostra de Cinema de Gostoso anuncia filmes selecionados
6ª Mostra de Cinema de Gostoso abre suas inscrições

Antes dela, duas outras mulheres de verve ocuparam as telas de Gostoso: Júlia Porrada, personagem-título de um curta-metragem elaborado pelo coletivo Nós do Audiovisual, e Bianca, protagonista de Em Reforma, primeiro curta-metragem em competição. Esta última, além da carreira de professora, improvisa-se pedreira da própria casa, na esperança de cria um novo cômodo e convencer a filha adolescente a viver com ela.

20191109 gostoso 5

Por mais que Júlia Porrada, de Igor Ribeiro, e Em Reforma, de Diana Coelho, transpareçam uma ou outra limitação técnica, são filmes de qualidade: trata-se de observações respeitosas de mulheres autônomas e batalhadoras. É sintomático que o festival tenha começado com dois filmes do Rio Grande do Norte e outro do Ceará, todos os três estrelados por mulheres – sinal de uma curadoria coesa e politizada. Além disso, os filmes abordam de maneira orgânica a precariedade do trabalho e a sexualidade estas mulheres.

Mas a estrela da noite foi Pacarrete, após a apresentação de Marcélia Cartaxo, do diretor Allan Deberton e da produtora Ariadne Mazetti. A comédia dramática levou a Gostoso a história real da bailarina vivendo no interior do Ceará (Cartaxo), aposentada, que se prende aos tempos de glória numa cidade que não reconhece o valor da dança. O filme segue a premiada carreira em festivais antes da estreia no circuito comercial, prevista para março de 2020.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deBruno Carmelo (Ver Tudo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *