6ª Mostra de Cinema de Gostoso :: Abertura tem três mulheres fortes e gritos de Lula Livre

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Bruno Carmelo

A noite de 8 de novembro marcou o início da 6ª Mostra de Cinema de Gostoso, na cidade de São Miguel do Gostoso, Rio Grande do Norte. Com a particularidade de exibir sua mostra competitiva numa enorme tela a céu aberto, em plena Praia do Maceió, o evento exibe alguns dos melhores filmes nacionais do ano, além de uma seleção de curtas-metragens premiados e inéditos.

O Estado, governado pela pedagoga Maria de Fátima Bezerra, filiada ao PT, recebeu a Mostra com coros de Lula Livre, puxados pelos próprios diretores do festival, Eugênio Puppo e Matheus Sundfeld, e prontamente respondidos pela plateia local. A liberação do ex-presidente ecoava pelos comentários e também nos discursos dos artistas convidados, a exemplo de Marcélia Cartaxo, que subiu ao palco para apresentar o primeiro longa-metragem em competição, Pacarrete (2019).

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Antes dela, duas outras mulheres de verve ocuparam as telas de Gostoso: Júlia Porrada, personagem-título de um curta-metragem elaborado pelo coletivo Nós do Audiovisual, e Bianca, protagonista de Em Reforma, primeiro curta-metragem em competição. Esta última, além da carreira de professora, improvisa-se pedreira da própria casa, na esperança de cria um novo cômodo e convencer a filha adolescente a viver com ela.

Por mais que Júlia Porrada, de Igor Ribeiro, e Em Reforma, de Diana Coelho, transpareçam uma ou outra limitação técnica, são filmes de qualidade: trata-se de observações respeitosas de mulheres autônomas e batalhadoras. É sintomático que o festival tenha começado com dois filmes do Rio Grande do Norte e outro do Ceará, todos os três estrelados por mulheres – sinal de uma curadoria coesa e politizada. Além disso, os filmes abordam de maneira orgânica a precariedade do trabalho e a sexualidade estas mulheres.

Mas a estrela da noite foi Pacarrete, após a apresentação de Marcélia Cartaxo, do diretor Allan Deberton e da produtora Ariadne Mazetti. A comédia dramática levou a Gostoso a história real da bailarina vivendo no interior do Ceará (Cartaxo), aposentada, que se prende aos tempos de glória numa cidade que não reconhece o valor da dança. O filme segue a premiada carreira em festivais antes da estreia no circuito comercial, prevista para março de 2020.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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