A terceira noite da seção competitiva da 6ª Mostra de Cinema de Gostoso trouxe filmes potentes à tela do cinema ao ar livre, na Praia de Maceió. O destaque ficou por conta de Sete Anos em Maio (2019), média-metragem dirigido por Affonso Uchôa (Arábia, 2017), que rompe com os códigos convencionais da narração para relatar a trajetória de um homem cuja vida foi arruinada pela tortura policial e pela dependência de drogas.
O filme combina ficção e documentário para narrar uma história de abusos em primeira pessoa, convidando o espectador para se colocar no lugar do protagonista. O dispositivo é fascinante, misturando uma reconstituição dos fatos com a longa confissão em plano-sequência, e se transformando diversas vezes ao longo de 42 minutos. Apesar de ser, tecnicamente, um média-metragem, compete entre os curtas da sexta edição. Leia a nossa crítica.
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Além de Sete Anos em Maio, foi exibido o curta-metragem Carta Branca (2019), experiência ousada do coletivo Nós do Audiovisual, sob direção de Rubens dos Anjos e Levi Jr. Na trama, um garoto se confronta a uma história traumática de violência na cidade. Por mais que alguns elementos soem um pouco amadores, a ambição dos cineastas é louvável. Leia a nossa crítica.
Concluindo o dia, o terceiro longa-metragem apresentado em competição oficial, após Pacarrete (2019) e Casa (2019), foi o goiano Vermelha (2019), vencedor da Mostra de Tiradentes no início do ano. Guardando certa semelhança com Casa, o filme dirigido por Getúlio Ribeiro também introduz membros da família do cineasta, na casa real onde vivem, ainda que ficcionalizado em torno de uma rixa entre vizinhos.
De acordo com a crítica do Papo de Cinema, “o amadorismo da proposta é assumido por todos, e será essa falta de ambição talvez a chave de seu carisma. Os dias se passam da mesma forma para todos, seja na ficção ou na vida real. Mas quando essas duas possibilidades encontram um ponto de colisão, pouco importa se o episódio é verdadeiro ou não”. Leia o texto completo de Robledo Milani.