Parece que não é só de cinema brasileiro que vive a Mostra de Cinema de Gostoso. Nesse domingo, 06, a animadora Raquel Bordin, que atua em Hollywood, se fez presente na 9ª edição do evento potiguar para compartilhar suas experiências enquanto montadora do estúdio Pixar, gigante da animação norte-americana, responsável por títulos de imenso renome, tal qual a saga Toy Story, idealizada por John Lasseter. As quase duas horas de debate estimularam os visitantes a desenvolver diversas perguntas relacionadas às atividades de Raquel, nas quais predominam a edição de trailers.
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Em seu espaço, Raquel falou sobre seu início no cinema e como surgi a entrada no polo audiovisual norte-americano. “É engraçado, aprendemos que precisamos muito do idioma inglês, mas foi justamente o português que me abriu portas na Califórnia“. Segundo ela, o alto número de profissionais brasileiros no UFC (Ultimate Fighting Championship), e que demandam um potente conteúdo publicitário, necessitava de profissionais que falassem português para editar os projetos do famoso evento. “Comecei por lá assim, trabalhando em vídeos das lutas e o mercado foi se abrindo. Em seguida pude atuar como freelancer para empresas como a Disney e o currículo foi crescendo“. Sobre o ingresso na companhia de Woody e Buzz, Raquel disse “corrido 120 metros pulando e gritando” quando recebeu o e-mail da entrevista de emprego no estúdio. “Foi muito intenso, pois passei fome ao trabalhar uma época em Nova York. E hoje minha condição é um sonho que sempre busquei“.
Sobre o processo cotidiano na Pixar, a profissional, que já foi destaque nos eventos Hollywood Film Festival, Women’s Independent Film Festival e Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles, discorreu sobre uma intensa agenda de costumes e burocracias para operar na sala de edição da empresa, protegendo a disseminação indevida de suas marcas. “No sweet (espaço de edição) da Disney, você nem pode entrar com seu celular, ficando horas isolado do mundo. Na Pixar não temos esse problema. Você pode entrar com o celular, mas se divulgar algo, será preso, pois existe uma cláusula contratual que garante essa punição“.
Ademais, Raquel também falou sobre sua especialidade: os trailers. “Se engana quem pensa que existe uma liberdade para a criação desse material. Recebemos uma lista de temas que devem constar nos vídeos e, a partir disso, chegamos a criar 15 trailers, que serão apresentados para os executivos“. “Muitas vezes, é difícil agradar os encomendadores. Em 2019, atuei em uma divisão da Disney, trabalhando na divulgação de Mulan (2020). Foi quase impossível agradar os produtores. Foram feitos incontáveis clipes até que o trailer fosse este que hoje está no Youtube“. Carga horária, os famosos easter eggs (nos quais Raquel despistou), pluralidade de gênero e outros assuntos também permearam o bate-papo. Por fim, Raquel deixou um convite: “assistam aos trailers e discutam eles. Dá muito trabalho pra fazer (brincou)”.
À noite, outro projeto de destaque em diversas janelas encerrou a noite de domingo: A Mãe (2022), de Cristiano Burlan. A empreitada estrelada por Marcélia Cartaxo faturou troféus nos festivais de Gramado e Vitória. O filme já possui crítica no Papo, basta clicar no título para ler.
E não esqueça, o Papo de Cinema está presente em São Miguel do Gostoso, trazendo notícias e registros das movimentações em nossas redes sociais até o dia 08 de novembro. Fique ligado!
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