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Durante a Mostra de Cinema de Gostoso 2022, diversos foram os filmes que discutiram a diversidade sexual brasileira, tão sufocada no cotidiano. Marte Um (2022), filme de abertura do evento, pincelou o assunto, e A Filha do Palhaço (2022) tem o tema como eixo central. Entretanto, na noite da última segunda-feira, 07, a sessão de Paloma (2022), de Marcelo Gomes, cativou como nenhum outro – que abrange a temática – os presentes na Praia do Maceió e encerrou com emoção a mostra competitiva deste ano. Entre a projeção e o debate da manhã seguinte, nesta terça, 08, Kika Sena, a estrela principal do filme, conversou com o Papo. Siga o fio abaixo e confira fragmentos desse bate-papo.

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Na mais recente trama do cineasta responsável por Cinema Aspirinas e Urubus (2005), Kika é Paloma, uma mulher trans que está decidida a realizar seu maior sonho: um casamento tradicional, na igreja, com seu namorado Zé. Ela trabalha duro como agricultora em uma plantação de mamão e está economizando para pagar a festa. A recusa do padre em aceitar seu pedido a obriga a enfrentar a sociedade rural. Paloma sofre violência, traição, preconceito e injustiça, mas nada abala sua fé.

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Segundo Kika, a recepção do longa no Rio Grande do Norte foi “calorosa“, tal qual as demais. Isso porque o enredo já passou pelos festivais do Rio, Munique e Chicago. Aliás, este último garantiu o troféu Hugo de Prata ao projeto. Nas palavras da atriz, o filme não fala somente sobre o preconceito e o atraso da população brasileira no quesito aceitação, mas também é uma crítica ao lugar do cidadão no país. “Paloma é uma moça que serve enquanto amante e trabalhadora, mas é recusada quando sonha. Ela pode e deve contribuir para que a máquina continue trabalhando, mas não tem o direito de pertencimento. Ela não pode casar, constituir uma família e nem ser feliz“. Ela segue: “as pessoas LGBTQIAP+ são assim no Brasil, elas não tem direito de agir fora do que lhes é estabelecida pelos padrões“. Kika também acrescenta que a chave para o longa ter sido bem aceito, é que a personagem é dócil. “Paloma não explode em nenhum momento da história, apenas repreende e se põe em segundo plano. Ela não é combativa, tem um coração maravilhoso, um espírito livre e apenas não quer esperar que a sociedade se ajuste“. “O cinema é um instrumento de transformação social e Paloma pode ser uma ferramenta importante para os avanços que precisamos“, completa a artista.

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Kika no debate da manhã seguinte à projeção de Paloma (2022).

Vale lembrar que Paloma (2022) já possui crítica no Papo de Cinema, inclusive muito positiva. Para acessá-la, basta clicar no título. E não esqueça, o Papo está presente em São Miguel do Gostoso, trazendo notícias e registros das movimentações em nossas redes sociais até o dia 08 de novembro. Fique ligado!

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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