Após uma festiva abertura, na última sexta-feira, 04, o segundo dia da Mostra de Cinema de Gostoso, no sábado, 05, contou com um primeiro painel para discussão de temas sensíveis ao audiovisual. Ao final da tarde, foi proposto um debate sobre o financiamento público ao cinema realizado no Rio Grande do Norte. O encontro, sediado na Pousada dos Ponteiros (Av. Enseada das Baleias, 1000), contou com a presença da cineasta e professora Mary Land Brito, do cineasta e sócio proprietário da Casa da Praia Filmes Pedro Fiuza, e do presidente do CDHEC e um dos organizadores das atividades, Ricardo André.
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Segundo revelado pelos presentes, a produção cinematográfica do estado, ainda que possua títulos conhecidos como Boi de Prata (1980), de Carlos Augusto Ribeiro Jr, ainda é modesta e feita basicamente da produção de curtas. Além disso, necessita de afinação por meio de iniciativas de fomento que, conforme dito por Mary Land, “agora vislumbram uma luz com Fátima Bezerra em seu segundo mandato como governadora“. Unanimemente, os debatedores valorizaram o progressismo de gestores públicos que valorizam a cultura. Na visão de Pedro, a expressão nacional precisa de mais governantes que não precisem ser “sensibilizados a cada reunião voltada ao mercado cinematográfico“. Em contrapartida, Pedro também enfatizou que “já é hora do cinema nacional não mais depender da boa vontade de quem tem a caneta na mão“. Ele acrescenta: “precisamos de uma política sólida, tal qual os EUA, que paga os profissionais da sétima arte para se estabelecerem nos polos“.
Mais tarde, na Praia do Maceió, o público recebeu com carinho a primeira projeção da noite. A produção rondoniense Ela Mora Logo Ali (2022), de Fabiano Barros e Rafael Rogante, chamou atenção pela trama que mistura diversas temáticas, que vão da maternidade ao preconceito. Entretanto, a vertente mais enérgica do enredo fala sobre analfabetismo, seguindo a vida de uma mulher porto-velhense que não sabe ler e é uma mãe atípica (termo referente à mães de pessoas com deficiência), interpretada por Agrael de Jesus. Ela divide seu tempo entre o trabalho e os cuidados de seu filho Dinho, papel de João Victor Alves De Oliveira (que possui síndrome de West), que compartilha com a ajuda de sua irmã (Marcela Bonfim). Até que um dia, a vendedora ambulante conhece a literatura através de uma estudante (Rafaela Oliveira) com quem faz o trajeto no ônibus de volta para casa, e essa descoberta acaba por se tornar o ponto de partida para uma nova jornada.
Na palavras de Rafael, a aceitação do público foi “incrível“. “Diversas pessoas vieram conversar sobre a história, disseram que ficaram tocadas“. Perguntado pelo Papo sobre a ideia do projeto, ele explica que trata-se de um desejo antigo do co-diretor, Fabiano, que queria homenagear Dona Nininha e Dona Carmelita. Ambas, conforme Rafael, são “mulheres negras, batalhadoras e que ajudaram, na vida real, Fabiano quando sua mãe precisou de auxílio para criá-lo em sua juventude, quando ele e sua mãe se mudaram para Porto Velho“. Rafael acrescenta: “o filme está se desenvolvendo muito bem e está famoso em Rondônia, muito porque as leis de auxílio às famílias estão cada vez mais escassas“. “Ter o curta exibido em Gostoso é uma honra e talvez os locais nem tenham noção de como este festival está fazendo bem pro cinema nacional“, completa Rogante.
Outros dois projetos de destaque em diversas janelas encerraram a noite de sábado. Foram eles: o vencedor do Festival de Gramado, Noites Alienígenas (2022), e A Filha do Palhaço (2022), premiado como Melhor Atuação Masculina (Demick Lopes) no 32º Cine Ceará. Ambos possuem críticas no Papo, basta clicar nos títulos para conferi-las.
E não esqueça, o Papo de Cinema está presente em São Miguel do Gostoso, trazendo notícias e registros das movimentações em nossas redes sociais até o dia 08 de novembro. Fique ligado!
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