Sembène foi precursor na realização de filmes africanos pós-colonialismo, com duras críticas à burguesia, à religião, ao sexismo e ao racismo. Vítima de tudo aquilo que buscou denunciar, o cineasta realizou seu primeiro curta com 40 anos (L’Empire Sonhrai, 1963), sendo que seu primeiro longa foi lançado quando já tinha 43. A Negra de… (1966) é baseado em um conto homônimo (de 1961) do próprio Sembène e trata de uma jovem senegalesa que vai para a França trabalhar para o casal que a empregava em Dakar. Chegando ao país colonizador, Diouana percebe que o sonho de participar da sociedade europeia como igual não se consuma, mas apenas a perpetuação de suas raízes escravagistas e racistas. Aos poucos ela começa a rebelar-se contra seus patrões e negar sua força de trabalho, seu único bem na terra “do outro”. Explorando o colonialismo sem meias palavras, Sembène constrói uma história que representa um pouco a ideia da independência dos países africanos de seus colonizadores europeus (no caso do Senegal, a França) e suas consequências para o povo.
Fonte: Sala P. F. Gastal