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Agnès Varda morre aos 90 anos em Paris

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A cineasta belga Agnès Varda, considerada uma das pioneiras da nouvelle vague francesa, morreu na noite desta quinta-feira, 28, em decorrência de um câncer. De acordo com o comunicado emitido por sua família, que a descreveu como “feminista alegre e artista apaixonada”, ela estava cercada de amigos e familiares quando faleceu. O funeral deve acontecer em Paris, na terça-feira, 02 de abril. Varda foi uma voz essencial dentro da transformação que o cinema francês encabeçou, sobretudo, nos anos 50 e 60. Aliás, o início de sua carreira precede a chamada “nova onda”. La Pointe Courte (1955), seu primeiro longa-metragem, realizado quando ela tinha 25 anos e nenhuma experiência prévia, já contém elementos da vanguarda que tornaria a nouvelle vague um movimento essencial.

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Agnès Varda nasceu no dia 30 de maio de 1928, em Bruxelas, na Bélgica. Ela completaria 91 anos neste sábado, 30. Nascida da união entre um grego e uma francesa, se mudou para o sul da França durante a Segunda Guerra Mundial. Sendo criada próxima ao mar, nutriu um interesse constante pelas artes, tendo inclinação particular à literatura e à fotografia, um de seus amores. O cinema apareceu apenas depois em sua vida. Aliás, a devoção pela fotografia foi um componente presente em boa parte de seus filmes: “A fotografia nunca deixou de me ensinar a fazer filmes”, disse certa vez. Ao longo dos anos, com uma carreira que se tornou sinônimo de resistência numa indústria essencialmente dominada por homens, Varda se tornou um verdadeiro ícone a ser reverenciado.

Agnès Varda e Jacques Demy

Cléo das 5 às 7 (1962), narrado praticamente em tempo real, numa ousadia narrativa impressionante para a época, foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme fala sobre uma cantora hipocondríaca que aguarda o resultado de uma biópsia. É constantemente considerado um dos mais importantes de Varda, cineasta reconhecida ao longo dos anos por sua inventividade. A autora foi casada durante muitos anos com o colega Jacques Demy, com quem se mudou para a Califórnia no fim da década de 60. No seu período norte-americano, se associou a figuras como Dennis Hopper e Andy Warhol e filmou um protesto dos Panteras Negras exigindo a libertação de Huey P. Newton. Com a morte de Demy, em 1990, se dedicou ferrenhamente à preservação da sua obra, além de ter dirigido o belíssimo Jacquot de Nantes (1991), uma cinebiografia afetiva do falecido amado.

Outros filmes absolutamente basilares de Agnès Varda são: As Duas Faces da Felicidade (1965), Uma Canta, a Outra Não (1977), Os Renegados (1985), Os Catadores e Eu (2000) e As Praias de Agnès (2008). Com Visages Villages (2017), codirigido pelo fotógrafo JR, recebeu a sua primeira indicação ao Oscar, se tornando a pessoa mais velha a competir por uma estatueta da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. No mesmo ano, recebeu da entidade um troféu honorário pelo conjunto da obra. Ela também foi agraciada, em 2015, com a Palma de Ouro honorária do Festival de Cannes.  Seu último longa-metragem, Varda por Agnès (2019), ainda inédito no Brasil, foi exibido no último Festival de Berlim. Na Berlinale, mas em 2017, ela já falava da proximidade da morte: “Morrer em paz é meu sonho”. Neste ano, ao apresentar sua obra derradeira, mencionou que se preparava para dizer adeus.

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