Não é incomum que grandes nomes do cinema demonstrem preocupação ou mesmo desconfiança quanto ao streaming, especialmente levando em consideração que, supostamente, a frequência nas salas de cinema diminui por conta do hábito de assistir a produções em casa. Por isso podemos considerar as recentes declarações de Alejandro González Iñárritu como um exercício de braçadas contra a maré. Numa rodada de conversas com seus conterrâneos Guillermo del Toro e Alfonso Cuarón, o cineasta mexicano demonstrou mais preocupação com os rumos ideológicos dos filmes do que necessariamente com os meios pelos quais os espectadores os consomem.
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“A tecnologia, ou seja, como as pessoas estão assistindo aos filmes, isso me preocupa de menos. Há uma ditadura de ideias, isso sim é preocupante. Me preocupo com o fato de os filmes serem feitos para agradar a essa mídia atual. Filmes de Fellini ou Godard ainda são grandes se assistidos no computador. O tamanho da tela não muda o poder da ideia. Mas acho que as ideias estão sendo reduzidas ao tamanho do computador em termos de ideologia e todo mundo está participando disso. A redução da ideia é o que devemos discutir, não as possibilidades do meio. Antigamente somente se ouvia música nas salas de concerto, depois vieram os discos e mais adiante as rádios. Se você ouvir Beethoven ou Mozart em seus fones de ouvido, deixa de ser boa música? Obviamente, é melhor ir à sala de concertos e ouvir 120 músicos tocando ao vivo, mas não importa como você ouça, isso não diminui a ideia por trás da música”.
Vale lembrar que recentemente Alejandro González Iñárritu lançou um filme com selo Netflix, Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades (2022). Aliás, Guillermo del Toro e Alfonso Cuarón também são colaboradores de primeira ordem da plataforma de streaming, tendo feito com ela Pinóquio por Guillermo Del Toro (2022) e Roma (2018), respectivamente. E aí, o que você acha dessa polêmica que ainda promete muito pano para a manga? Utilize a caixinha dos comentários para se expressar.