O cineasta e jornalista paulistano Alfredo Sternheim morreu nesta quinta-feira, 6, aos 76 anos. A causa não foi divulgada pela família. Sternheim era uma figurinha carimbada da chamada Boca do Lixo, lugar emblemático da cidade de São Paulo do qual emergiram diversos talentos, bem como produções que marcaram época no cinema brasileiro. Ele começou como assistente do grande Walter Hugo Khouri em A Ilha (1963) e Noite Vazia (1964), passando imediatamente após tais experiências a realizar curtas-metragens sobre motivos variados, isso enquanto desempenhava a função de crítico no jornal O Estado de São Paulo, mantendo-se amplamente na área.
Foi apenas em 1971 que Alfredo Sternheim dirigiu seu primeiro longa-metragem, Paixão na Praia, com Adriano Reis e Norma Bengell nos papeis principais. Sua vertente era oposta a do Cinema Novo, ou seja, disposta a debater temas considerados universais, ao invés de fundamentar-se na exposição dos abismos sociais e da miserabilidade do país. São dele, também, Anjo Loiro (1973), um dos primeiros trabalhos de Vera Fischer como atriz, e Luciola: O Anjo Pecador (1975), livremente adaptado do romance Luciola, de José de Alencar.
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Alfredo Sternheim dirigiu alguns dramas e comédias eróticos, principalmente após o fechamento do Instituto Nacional do Cinema e, por conseguinte, a extinção do fomento para a adaptação cinematográfica de obras literárias. São desse período, Herança dos Devassos (1979) e A Prostitutas do Dr. Alberto (1981). Seguindo, mais adiante, uma tendência, também esteve à frente de produções com sexo explícito, vide Sexo dos Anormais (1985), chegando a entrar em polêmicas públicas por defender esse tipo de realização. Seu último filme foi Fêmeas que Topam Tudo (1987). De lá para cá, atuou como jornalista, especialmente em revistas dedicadas ao lançamento de DVD. É autor dos livros David Cardoso: Persistência e Paixão e Suely Franco: a Alegria de Representar. Lançou em 2009 sua autobiografia Alfredo Sternheim: Um Insólito Destino.