A sensação de impotência é grande. Ao largo das possibilidades práticas de vários integrantes do cenário audiovisual, segue-se uma política federal, no mínimo, duvidosa quanto à quinta economia do Brasil. Nesta quarta-feira, 09, o jornalista Jotabê Medeiros, do Farofafá – a quem aproveitamos para parabenizar pela diligente cobertura relativa às coisas do audiovisual brasileiro – revelou uma série de medidas controversas tomadas pela diretoria colegiada da Ancine, a Agência Nacional do Cinema, numa reunião extraordinária. Foi decidido o cancelamento do saldo das chamadas públicas Fluxo Contínuo TV 2018 (edital de R$ 251 milhões de reais), Fluxo Contínuo Comercialização 2018 (de R$ 28 milhões), Prodav 13/2016 (R$ 14 milhões) e Chamada Fluxo Coprodução Internacional 2019 (de R$ 39 milhões), além das chamadas públicas ANCINE/FSA n.º 01/2016 e n.º 01/2017. Trocando em miúdos, isso se configura num calote de efeitos devastadores para inúmeros profissionais da área. O dinheiro não será repassado, conforme combinado, mesmo que ele exista como saldo no Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
LEIA MAIS
Governo Bolsonaro retira indicação à Ancine de diretora de festival cristão
Ancine é obrigada pelo MPF a liberar verbas e analisar novos projetos
Governo federal prepara intervenção na Ancine sem consultar setor audiovisual
Outra medida nociva decidida na ocasião foi a extinção do regulamento geral do Programa de Desenvolvimento do Audiovisual (Prodav). Na prática isso significa que, na falta de regras amplas, cada edital possa definir as próprias diretrizes. Mesmo com um orçamento previsto na Lei do Orçamento Anual de R$ 695 milhões, a Ancine definiu R$ 410 milhões como teto. A diferença não foi explicada, ninguém sabe o que aconteceu com ela, ninguém viu. Ainda tem mais. A Ancine adiou a decisão sobre a cota de tela para 2021. O diretor-presidente substituto, Alex Braga, afirmou que diante do contexto turbulento por conta da pandemia, será melhor analisar os cenários de janeiro, fevereiro e março de 2021 para não onerar ainda mais exibidores. Para finalizar, a agência não autorizou a chamada pública para financiar produções televisivas (exceto animações, que permanecem), coproduções internacionais, distribuição e arranjos regionais. Isso, em termos práticos, pode ocasionar quebradeiras e desempregos no setor.
Últimos artigos deMarcelo Müller (Ver Tudo)
- Mostra de Gostoso 2024 :: Filme sobre Maurício Kubrusly abre a 11ª edição do evento potiguar - 21 de novembro de 2024
- Piracicaba :: Filme de 1922 é restaurado e ganha sessão especial no interior de SP - 21 de novembro de 2024
- Agenda Brasil 2024 :: Até que a Música Pare e A Queda do Céu vencem a 11ª edição do festival italiano - 21 de novembro de 2024
Deixe um comentário