A situação das análises de prestação de contas na Ancine segue complicada. A instituição nasceu com um passivo de milhares de projetos para analisar, e nunca conseguiu tirar o atraso. Devido aos impasses burocráticos da atuação gestão, a cobrança tardia de documentos de mais de 15 anos atrás tem sido encarada, por muitos produtores e criadores, como uma forma de perseguição política a artistas que se posicionaram contra o atual presidente.
O último projeto a receber uma notificação da Ancine foi O Maior Amor do Mundo, que estreou em 2006, mas iniciou suas filmagens em 2003, ou seja, quase vinte anos atrás. O drama estrelado por José Wilker foi dirigido por Cacá Diegues, com produção de Renata Magalhães. Os autores precisam apresentar em até 30 dias os débitos relacionados à produção, de acordo com notícia divulgada pelo site Farofafá.
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Caso não forneçam todos os documentos de um procedimento iniciado há 19 anos, Diegues e Magalhães poderão ser inscritos na dívida ativa, o que implica na interdição de captação de fundos para novas obras. Os nomes de ambos também correm o risco de integrar outros serviços de proteção ao crédito. No entanto, o gesto da Ancine fere a legislação: de acordo com uma decisão do STF, o caso já teria prescrito.
Dois anos atrás, o cineasta e imortal da Academia Brasileira de Letras já denunciava a situação da cultura na atual gestão: “Nada aconteceu de bom neste governo em relação à cultura. Não só não houve interesse em colaborar com o setor como também está sendo destruído o que havia. Como a Ancine tem acesso a muitos recursos e nada acontece, às vezes imagino que tudo isso é um satânico projeto do governo para acabar com o cinema brasileiro por inércia”, afirmou ao Valor Econômico.
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