O governo Jair Bolsonaro não estava brincando quando disse que selecionaria pessoas “terrivelmente cristãs” para o seu governo. Após a escolha de Roberto Alvim para a Secretaria da Cultura, o presidente nomeou Luana Rufino, frequentadora da Opus Dei, para a diretoria interina da Ancine. O grupo constitui uma das organizações católicas mais conservadoras do país.
A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União na quarta-feira, dia 15. Luana já atuava como secretária executiva da Ancine, embora o site da instituição seja bastante vago quanto às suas atribuições, descritas na agenda oficial. Atuando como diretora interina, ela cumpre o primeiro passo para assumir a direção efetiva em seguida.
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A escolha foi apoiada por Alvim, alinhado à política extremista do presidente. Segundo o site O Globo, a Opus Dei afirma não contar com Rufino enquanto “integrante inscrita”, embora seja “simpatizante e frequentadora das reuniões”. De qualquer modo, o comprometimento religioso tem se tornado um pré-requisito para nomeações dentro de um governo que, segundo a Constituição, deveria ser Laico – ou seja, não favorecer nem desfavorecer qualquer indivíduo em função de sua religiosidade.
Critérios de natureza político-religiosa têm sido explicitamente adotados para, entre outros, censurar editais para filmes de temática LGBT, atacar diretores críticos ao governo como Karim Aïnouz e Kleber Mendonça Filho e difamar artistas como Fernanda Montenegro e Wagner Moura.