Os produtores vêm se queixando há meses a respeito da paralisação das atividades na Ancine, mas agora, após muita pressão por parte do Ministério Público Federal, o Congresso e a Advocacia-Geral da União, os números foram confirmados mediante publicação no próprio site da agência: nenhum edital foi lançado em 2020, e nenhuma verba foi investida em novos filmes brasileiros via Fundo Setorial do Audiovisual.
O argumento da direção da Ancine, que conseguiu o anulamento de cerca de 200 processos pela liberação de verbas, dizia respeito à grave crise econômica da instituição, que seria agravada caso fosse obrigada a alocar as verbas pré-aprovadas em editais. No entanto, segundo a Carta Capital, os documentos publicados comprovam que existe mais de R$ 1 bilhão disponível para operação por meio do FSA.
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Por lei, esta quantia deveria ser destinada ao cinema brasileiro, o que incluiria projetos pré-aprovados e a viabilização de novos projetos. A situação alarmante vai de encontro com a demora (deliberada, de acordo depoimentos de ex-funcionários no Congresso) na análise da prestação de contas dos filmes nacionais. Após pressão judicial, a quantia inferior a dez análises por mês saltou para 104 análises em setembro, o que ainda está longe de responder ao atraso de mais de uma década de projetos em espera.
Em 14 meses, apenas 28 projetos foram encaminhados para contratação, o que condiz com a política de sucateamento do audiovisual nacional. Após ter o repasse de verbas interrompido pelo governo federal, a Cinemateca Brasileira precisou fechar as portas, demitindo dezenas de funcionários e especialistas, e colocando em risco o maior acervo audiovisual da América Latina.