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Em momentos de dificuldade, muitas vezes surgem propostas ousadas. Uma delas está prestes a ser executada por André Pellenz, diretor de Minha Mãe É Uma Peça (2013) e Detetives do Prédio Azul (2017), que está nos ajustes finais para rodar um novo longa-metragem em plena pandemia de COVID-19. Como? Tudo através de acesso remoto.

“As cenas serão feitas nas casas dos atores. O trabalho de edição, na casa do editor. A trilha também, o músico tem um estúdio profissional em casa”, afirmou o diretor, em entrevista ao jornal O Tempo. “Já a parte mais técnica da finalização será feita, caso ainda esteja valendo a quarentena, em empresas de pós-produção que consigam trabalhar de forma remota.”

A história, é claro, também levará em conta tal situação tão particular. A proposta é que o filme mostre um casal prestes a se separar quando é pego de surpresa pela quarentena imposta pelo governo, o que obriga ambos a permanecerem no mesmo apartamento. O elenco não está fechado e, por causa disto, ainda não foi divulgado. A ideia é iniciar as filmagens em 15 dias.

“Conduzir de forma remota as câmeras, dirigir os atores, enfim. Será um processo muito mais demorado que uma filmagem tradicional. Mas como é uma maneira totalmente inédita de filmar, a ideia é trazer estas dificuldades, e até mesmo eventuais falhas, para a linguagem do filme”, complementa o diretor.

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Amy Poehler no episódio especial de “Parks and Recreation”, divulgado em plena pandemia

 

Com as gravações praticamente paradas ao redor do planeta, a tática proposta por Pellenz é uma alternativa à necessidade em contar histórias urgentes, relacionadas com o momento em que vivemos. Não por acaso, programas tradicionais como Saturday Night Live e Parks and Recreation (2009 – 2015) se reinventaram de forma a criar narrativas em meio às dificuldades do distanciamento social. Exigências dos tempos modernos, para que o cinema (e a TV) continuem a existir.

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Jornalista e crítico de cinema. Fundador e editor-chefe do AdoroCinema por 19 anos, integrante da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro), autor de textos nos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros", "Documentário Brasileiro - 100 Filmes Essenciais", "Animação Brasileira - 100 Filmes Essenciais" e "Curta Brasileiro - 100 Filmes Essenciais". Situado em Lisboa, é editor em Portugal do Papo de Cinema.
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