O ítalo-brasileiro Andrea Tonacci será o cineasta homenageado na 19ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, que acontecerá entre os dias 22 e 30 de janeiro de 2016, na cidade de Tiradentes, em Minas Gerais. Seu filme Serra de Desordem (2006) abrirá o evento no dia 22, às 21h, no Cine-Tenda (Largo da Rodoviária), comemorando 10 anos de sua primeira exibição. As duas celebrações, a Tonacci e ao seu filme, dialogam com a temática central desta edição: Espaços em Conflito. A Mostra de Tiradentes pretende trazer a discussão sobre o tema para as mesas de debates, catálogo, e aos filmes a serem exibidos. A entrada será gratuita. Informações sobre os filmes selecionados e programação completa serão divulgados em breve.
A homenagem a Tonacci é um tributo a uma das figuras de maior influência para várias gerações. O cineasta nasceu em Roma (Itália) em 1944 e mudou-se para o Brasil aos 11 anos de idade. Figura importante da geração chamada de Cinema Marginal, participou como ator do primeiro curta-metragem de Rogério Sganzerla, Documentário (1966), e estreou como diretor em outro curta do mesmo ano, Olho por Olho. Em 1968 exibiu Bla Bla Bla no Festival de Brasília. Seu primeiro longa-metragem, Bang Bang, de produção paulista, foi filmado na cidade de Belo Horizonte em 1970. Entre 1975 e 2006, Tonacci produziu diversos trabalhos em vídeo, com maior destaque para Jouez encore, payez encore (1975), Conversas no Maranhão (1977) e Os Araras (1980). Só voltou ao cinema com Serras da Desordem. Após a exibição na Mostra de Tiradentes, o filme ganhou o Kikito de melhor longa no Festival de Gramado, em agosto de 2006, e teve estreia no circuito comercial em 2008.
Em uma década, Serras da Desordem se revelou a maior referência de uma mudança de paradigmas no olhar estético e na maneira de se fazer cinema brasileiro independente e de autor. Questões relativas aos limites tênues entre documentário e ficção se somaram, no filme, as discussões sobre o genocídio histórico contra indígenas em território nacional, ambos os assuntos constantemente na pauta cotidiana. “O filme foi apresentado pela primeira vez ao público em Tiradentes e, desde então, além de ter recebido amplo reconhecimento da crítica”, afirma Cléber Eduardo, curador da mostra.
A temática Espaços em Conflito também tem relação com toda produção histórica e contemporânea do cinema brasileiro. A ênfase na dramatização dos ambientes teve destaque a partir dos anos 1950, com O Canto o Mar (1953), de Alberto Cavalcanti, e Rio 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos. Era época em que a produção dos filmes passou a sair dos estúdios para ocupar as ruas da cidade, abrindo suas lentes ao que era captado da realidade urbana, com maior autenticidade nas locações e a imbricação desses universos à própria narrativa. Nos anos 1960, com o Cinema Novo, filmes como Barravento (1961) e Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963), de Glauber Rocha, e Os Fuzis (1964), de Ruy Guerra, reforçaram a tendência. “Nos anos 70 e 80, alguns mantiveram-se na questão, procurando sua dramaturgia nos próprios ambientes. Nos últimos 25 anos, apesar das mudanças de tom e de enfoque, os espaços continuaram conflitantes, às vezes com violência, às vezes sob sua ameaça”, destaca Cléber Eduardo. O começo dos anos 2000 trouxe títulos que atenuaram os espaços conflituosos. Apesar de filmes de combate como Madame Satã (2003) e O Invasor (2002), alguns títulos trouxeram novas formas de olhar os embates.”Iniciou-se uma nova fase de conflitos, mais amenos, nos quais as latências não explodem e não geram machucados, embora possam deixar feridas e travas”, disse o curador.
(Fonte: ETC Comunicação)
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