Apesar da pandemia e da grave crise institucional na Ancine, o cinema brasileiro segue resistindo e conquistando o reconhecimento nos principais festivais do mundo. Após a seleção de Casa de Antiguidades (2020) nas competições principais do Festival de Cannes, chegou a vez de outro título nacional marcar presença no evento francês: o documentário Antena da Raça (2020), dirigido por Paloma Rocha e Luis Abramo.
O filme, incluído na Mostra Cannes Classics, resgata o programa iconoclasta Abertura, exibido entre 1979 e 1980 na TV Tupi. Ainda em processo de reabertura pós-ditadura militar, Glauber Rocha conduzia temas politizados por meio da linguagem fragmentada e visceral que lhe era peculiar. O documentário de 2020 busca reproduzir este estilo, enquanto estabelece um paralelo com a situação política do Brasil atual.
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“Quisemos resgatar essa efervescência cultural e o desejo de liberdade do final dos anos 70 para hoje, e a própria obra do Glauber permite isso, pois, nela, o passado transita pelo presente como se todos estivessem no mesmo plano. Utilizamos os personagens das obras dele como um contraplano ao Brasil de hoje”, explica a diretora. “Fomos às ruas, eu e Abramo, para entender os temas que Glauber prenunciava 40 anos atrás e estabelecemos um diálogo com o que está acontecendo. Os personagens de Glauber são atemporais, permitindo fazer esse paralelo com a atualidade”.
Devido à pandemia de Covid-19, a Mostra Cannes Classics ocorrerá dentro do Festival de Lyon, entre 10 e 18 de outubro, e depois nos Rencontres Cinématographiques de Cannes, entre 23 e 26 de novembro. Descubra os seis documentários selecionados para a mostra este ano:
Alida (Itália), de Mimmo Verdesca
Antena da Raça (Brasil), de Paloma Rocha e Luis Abramo
Be Water (Estados Unidos), de Bao Nguyen
Belushi (Estados Unidos), de R. J. Cutler
Charlie Chaplin, the Genius of Liberty (França), de Yves Jeuland
Wim Wenders, Desperado (Alemanha), de Eric Friedler e Andreas Frege
