O departamento de ciências sociais da prestigiosa UCLA tem divulgado anualmente um relatório sobre a evolução da representatividade no cinema norte-americano, indicando a porcentagem de protagonistas negros e femininos em Hollywood, além da presença negra e feminina por trás das câmeras.

Devido ao considerável volume de dados a analisar, cada relatório revela dados de alguns anos anteriores: o estudo de 2019, por exemplo, diz respeito especificamente às tendências percebidas na indústria entre 2016 e 2017. Os resultados, ainda que discretamente otimistas, reafirmam a representatividade desigual de gêneros e raças nas grandes produções.

O número de protagonistas negros ou negras subiu de 13,9% para 19,8%, o que ainda representa cerca de um em cada cinco filmes estrelados por personagens negros. Personagens latinos constituem apenas 5,2%, enquanto asiáticos estão presentes em 3,4% dos papéis de destaque. Dentro do recorte de raça, homens negros ainda são muito mais representados do que mulheres negras (em 86 filmes contra 29), e homens latinos superam o número de mulheres latinas (em 41 filmes, contra 25).

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Atrás das câmeras, a desigualdade é ainda mais forte. Apenas 12,6% dos diretores são negros ou negras, numa porcentagem que se mantém praticamente estável desde 2014.  As mulheres diretoras também são amplamente minoritárias, constituindo 12,6% contra 87,4% de homens. No entanto, no caso de cineastas femininas, a quantidade aumentou de maneira expressiva em relação aos últimos dez anos, quando a porcentagem girava em torno de 6,5%.

Nas séries de televisão, 90,6% dos criadores ainda são brancos contra 9,4% de negros, e 77,8% são homens contra 22,2% de mulheres. A título de comparação, a população norte-americana conta com 39,4% de indivíduos negros, segundo o estudo. A tendência se confirma entre os roteiristas (92,2% brancos, 87,4% homens) e nas premiações da indústria (80% dos troféus são entregues a diretores brancos, e 80% são atribuídos a atores brancos).

Em sua conclusão, a UCLA aponta uma melhoria, ainda que muito discreta, e distante da paridade ou mesmo da representatividade de mulheres e negros em relação à porcentagem dos mesmos na população norte-americana. O estudo sugere que a diversidade só aumentará quando ela se tornar um fator comercial evidente à indústria: como a porcentagem de negros, hispânicos e asiáticos tem aumentado nos Estados Unidos, é esperado que as produções aumentem discretamente os filmes sobre estas pessoas, que afinal compram os ingressos e desejam se ver representadas nas telas.

No entanto, não há indício de qualquer transformação radical nos números: os grandes estúdios ainda apostam nos projetos “seguros”, estrelados por homens brancos, dirigidos por homens brancos, e visando este mesmo público. Isso poderia explicar, em partes, a renovação limitada nas histórias e nos pontos de vista dos blockbusters.

O estudo completo pode ser encontrado aqui.

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