Começaram recentemente na cidade de São Paulo as filmagens de As Vitrines, terceiro longa-metragem da cineasta Flavia Castro. Novamente a realizadora vai utilizar a sua experiência como filha de perseguidos políticos pela Ditadura Civil-Militar que desgovernou o Brasil entre 1964 e 1985. Em Diário de uma Busca (2010), ela fez um percurso documental para compreender melhor o pai, o jornalista Celso Afonso Gay, assassinado em circunstâncias obscuras aos 41 anos na cidade de Porto Alegre. Já em Deslembro (2018) se valeu da ficção, mostrando a vivência de Joana, adolescente que teve o pai refém como prisioneiro político durante os anos de chumbo no Brasil. Em As Vitrines, Flavia retomará a perspectiva jovial dentro do período tão difícil da nossa História relativamente recente.
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As Vitrines é ambientado na embaixada da Argentina, um dos poucos lugares seguros de Santiago, capital do Chile, depois do golpe que o país sofreu em 1973. Nesse cenário repleto de incertezas, Pedro (Gael Nordio) e Ana (Helena O’donnel ), filhos de brasileiros exilados no Chile, experimentam uma rara liberdade e a emoção do primeiro amor. Ao mesmo tempo, Pedro está ansioso diante da falta de notícias de sua mãe que não está segura como ele, enquanto Ana constrói pequenas vitrines pelo jardim para lidar com essa infância atravessada por uma situação tétrica que a define. O elenco da novidade ainda conta com Letícia Colin, Sara Antunes, Fabio Herford, Marcos de Andrade, Marina Provenzzano, Roberto Birindelli, Julia Konrad e Gabriel Godoy.
“‘Golpe’ é uma das palavras mais antigas da minha vida. Nunca tive que perguntar o seu significado; eu já sabia. A palavra sempre entrava nas discussões políticas que se estendiam noite adentro lá em casa. Muitas vezes, eu adormecia embalada pelo ritmo de palavras como – trotskismo, luta-de-classes, resistência. Eram palavras íntimas, ainda que eu não entendesse o seu significado. Mas ‘golpe’, por ter afetado nossa vida de uma forma drástica e definitiva, eu já sabia o que queria dizer (ou achava que sabia). A história das crianças que acompanharam seus pais na luta contra a ditadura, é um exílio invisível, sobre o qual ainda foram colocadas poucas imagens ou pouco se falou”, diz a diretora.
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