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Nos movimentos pós-assassinato de George Floyd – homem negro contido com força excessiva até morrer embaixo do joelho de um policial branco –, o ator John Boyega pôde ser visto publicamente em manifestações de repúdio ao racismo. Numa delas, inclusive, chegou a mencionar que poderia estar colocando em risco oportunidades de trabalho por se colocar dessa maneira, mas que era preciso não mais calar diante de tanta violência. Parece que realmente ele não tem receio de mandar as mensagens que lhe parecem relevantes, inclusive para a indústria do entretenimento. Numa recente entrevista à revista britânica GQ, o ator abriu o verbo e reclamou do tratamento racial dado a certos personagens da saga Star Wars, na qual interpretou Finn. Ele falou especificamente que seu personagem gradativamente se tornou periférico e que, assim como outros, foi condicionado por sua raça.

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“Você se envolve em projetos dos quais não vai gostar necessariamente de tudo. Mas, o que eu diria à Disney é não traga um personagem negro à tona, comercializando-o como importante na franquia, para depois coloca-lo de lado. Isso não é bom. Tipo, vocês sabiam o que fazer com Daisy RidleyAdam Driver, mas isso não é verdade quando se tratava de Kelly Marie Tran (de ascendência oriental) e John Boyega. Eles querem que eu diga ‘gostei da experiência, foi uma grande experiência’. Não, não vou dizer isso. Apenas quando, de fato, for uma grande experiência”, afirmou corajosamente o ator. Ele continuou a análise: “Foi o único integrante do elenco de Star Wars que teve sua experiência na franquia baseada na raça. Uns processos desses te deixam com raiva, mais militante, eles mudam você. Você percebe que ganhou uma oportunidade, mas está numa indústria que nem está preparada para você. Ninguém viveu isso e ainda tem gente surpresa com minha posição. Essa é minha frustração”.

Vale lembrar que a diversidade foi sinalizada por jornalistas e críticos tão logo Star Wars: O Despertar da Força (2017) tenha começado a terceira trilogia de Star Wars, e que ela foi gradativamente foi realmente dando lugar ao mais do mesmo na franquia. Finn, celebrado como um dos protagonistas, efetivamente foi perdendo espaço.      

20151217 o john boyega facebook

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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