Além de ser uma das atrizes mais festejadas e bem-sucedidas de sua geração, Dira Paes se tornou uma figurinha carimbada do cinema independente brasileiro ao longo das última décadas. Isso a fez circular constantemente pelos festivais Brasil afora para divulgar esses trabalhos. Sempre esbanjando simpatia, a intérprete paraense voltou neste ano a Bonito para ser uma das estrelas do encerramento do 2º Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-americano (2024), festival que ela viu nascer no ano passado. Prestes a mostrar ao mundo a sua estreia como diretora – seu filme, Pasárgada (2024), competirá no Festival de Gramado em breve -, ela tirou um tempinho entre um passeio e outro com a família nos cenários paradisíacos de Bonito para ter dois dedinhos de prosa com o Papo de Cinema. Conversamos sobre a relação dela com a cidade sul-mato-grossense e também a respeito da expectativa de apresentar o seu debute como realizadora. Confira.
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A IMPORTÂNCIA DO BONITO CINESUR
“A presença de um festival de cinema em qualquer cidade é muito enriquecedora, pois estamos falando de um fomento cultural, além da possibilidade de empregar muitas pessoas e trocar experiências. O Bonito CineSur tem um ponto muito relevante que é a mostra meio ambiente. Não dá para vir para essa fronteira pantaneira, com um bioma tão particular, e ignorar todo o resto e falar apenas de cinema. Precisamos falar também desse ambiente sobre o qual todos temos responsabilidade. Trata-se de uma joia brasileira que precisa ser filmada. Por isso acho maravilhoso que o festival promova oficinas, pois não podemos simplesmente passar por aqui, precisamos deixar um legado. Todo festival precisa deixar um lastro educativo (…) queremos a representatividade feita por pessoas do local. Esse festival precisa criar raízes onde ele foi criado. É preciso cavar buracos, plantar raízes e o Bonito CineSur floresceu rapidamente”.
“Precisamos falar também desse ambiente sobre o qual todos temos responsabilidade”
“Tenho certeza que o Bonito CineSur veio para ficar. Somos testemunhas do nascimento desse evento que mostra nas suas duas edições a importância da localização de Bonito na América do Sul, pensando na integração das nações. Nesse sentido, estamos falando de absorver um cinema de potencial absurdo. Queremos ver filmes colombianos, peruanos e venezuelanos dialogando com essa contemporaneidade. Um festival como esse nos permite ter um panorama. O Bonito CineSur possui um perfil único no Brasil, por isso que acredito que ele tenha todas as condições para se estabelecer. As pessoas que estão aqui tem a oportunidade de conhecer um lugar especial do mundo”.
A ESTREIA COMO DIRETORA
“Ainda estou absorvendo o fato de ser escolhida para competir no Festival de Cinema de Gramado. Num primeiro momento, fiquei absolutamente eufórica. Num segundo momento, quando vi o tamanho dos meus colegas também escolhidos à competição, com os quais desejo trabalhar, confesso que deu uma tremedeira nas perdas pela responsabilidade. Dirigir um filme foi o transbordar de uma necessidade. Achei que era a hora de experimentar como era ser autora de um projeto desde o começo. Quando finalizamos e assisti ao filme mixado, foi o único momento em que chorei. Não é fácil dirigir um filme, você é responsável por várias vidas, vários humores e desafios cotidianos. Essa montanha russa exige um equilíbrio interior. Pra mim, é uma responsabilidade, ainda maior do que fazer o filme, mostrar ele para o mundo. O Pasárgada é fruto do desejo de realização, então não sosseguei. Sem falsa modéstia, sinto orgulho de ter vencido todas essas etapas (…) passar em Gramado não vai ser relaxado. A atriz curtia muito, mas a diretora vai trabalhar bastante”.
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