Por Roberto Cunha*
Tem horas que chega ser difícil de acreditar, mas os números do Festival de Cannes são realmente impressionantes. Segundo os organizadores, o evento só perde para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos em termos de divulgação na mídia. E dando uma olhada em algumas informações adicionais dá para entender o porquê.
Ainda no terceiro dia de atividades no Marché du Film, onde rolam as rodadas de negócios, o número de participantes já somava 11.800 registrados e superar os 12.000 deve ser uma mera questão de tempo até o encerramento. A China teve um crescimento de 40% em relação ao ano passado e a América Latina também cresceu, representando agora 4% de todos os participantes. Desse total, 29% são produtores, 21% distribuidores e 11% com a área de vendas.
São 117 países, contra os 109 de 2013. Representantes de lugares como Iraque, Síria e Laos, entre outros, estão aqui pela primeira vez. Dos 5.200 títulos oferecidos, 3.100 estão prontos, 144 são em 3D e mais de 800 são documentários. Em temos geográficos, 44% vem da Europa, 18% somente da França e outros 18% dos Estados Unidos. Ao todo, são 1.450 sessões distribuídas em 37 salas, sendo 79% a primeira vez que estão sendo exibidos.
Cerca de 1.900 compradores estão aqui para adquirir novos filmes. Dá para imaginar o que isso significa para um realizador, não é verdade?
O BRASIL NA FITA
Quem torce pela produção brasileira tem motivos para comemorar, pois o cinema nacional, mesmo não participando da Competição Oficial neste ano, está no Festival de Cannes novamente. “Essa é a nona edição do festival de que participamos, sempre com foco nas excelentes oportunidades de negócios que surgem para nossos associados. No maior mercado da indústria cinematográfica, eles podem firmar acordos para coproduções, e também vender seus filmes para distribuidoras estrangeiras”, conta André Sturm, presidente do Cinema do Brasil.
O Programa Cinema do Brasil visa ampliar a participação do audiovisual brasileiro no mercado internacional e mantém o já tradicional estande no Marché du Film para a realização de encontros entre profissionais brasileiros e produtores e distribuidores estrangeiros. Serão promovidas exibições de mercado para cinco produções: O Menino e o Mundo (2013), de Alê Abreu (Elo Company); Mundo Deserto de Almas Negras (2014), de Ruy Veridiano (Heavybunker); Gonzaga: De Pai para Filho (2012), de Breno Silveira (Jangada Filmes); Riocorrente (2013), de Paulo Sacramento (agente de vendas One Eyed Films); e Romance Policial (2014), de Jorge Durán (agente de vendas Bogeydon Licensing). Além deles, outros três também serão exibidos no mercado através de seus agentes de venda: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), da Films Boutique, Praia do Futuro (2014), da The Match Factory, e Rio, Eu Te Amo (2014), da WestEnd, que tem sua projeção de estreia no Marché du Film.
*Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival de Cannes 2014