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Você já se indagou porque os festivais e premiações da indústria de cinema dividem as categorias de atuação entre melhor ator e melhor atriz, ou melhor ator coadjuvante ou melhor atriz coadjuvante? Ora, por que efetuar tal distinção se ambos desempenham o mesmo trabalho, e se nunca existiu esta separação em outras categorias – melhor diretor e melhor diretora, melhor editor e melhor editora?

Além disso, grupos militantes pela diversidade sexual e de gênero têm apontado o pensamento conservador dos prêmios binários, que dividem as pessoas claramente entre homens e mulheres, sem possibilidade de outras identidades. Por estes motivos, o Festival de Berlim, um dos mais alinhados com a diversidade e a igualdade, anunciou o fim das categorias binárias a partir da edição 2021, quando serão recompensadas a melhor atuação e melhor atuação coadjuvante, independentemente de gênero.

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Tilda Swinton no Festival de Veneza 2020

 

Agora, a ideia ganhou duas defensoras de peso: Cate Blanchett e Tilda Swinton, duas das atrizes mais respeitadas da indústria e da produção independente, durante o Festival de Veneza. Blanchett, presidente do júri, afirmou: “Eu venho de uma geração onde o uso da palavra atriz trazia um sentido quase pejorativo. Então eu defendo um espaço aberto. Prefiro que se refiram a mim como actor [o termo em inglês, mais amplo, pode designar tanto o ator masculino quanto intérpretes de qualquer gênero]“. 

Swinton, homenageada da edição 2020, acredita que a eliminação dos prêmios por gênero seja “inevitável”: “Em qualquer aspecto, dividir as pessoas e prescrever um caminho para elas, seja nas questões de gênero, raça ou classe social, constitui um desperdício de vida”. Para ela, a separação binária implica na obrigação pessoal de se declarar “definitivamente heterossexual, definitivamente homossexual, definitivamente homem ou definitivamente mulher”.

A atriz espera que a nova configuração adotada em Berlim seja reproduzida nas premiações populares como o Oscar e o BAFTA.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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