Catherine Deneuve e outras 99 francesas assinam carta defendendo o “direito dos homens flertarem”

A atriz Catherine Deneuve é uma das 100 artistas e intelectuais francesas que assinaram um manifesto publicado no jornal Le Monde, nesta terça-feira, 9, contra o que chamaram de “denuncismo”, especialmente relativo às acusações de assédio sexual que proliferaram após as denúncias contra Harvey Weinstein. No documento, elas dizem que os homens devem ser “livres para abordar” mulheres.

“O estupro é um crime. Mas a paquera insistente ou desajeitada não é delito, nem o galanteio é uma agressão machista”, diz a carta. “Estamos vivendo uma ‘caça às bruxas’ que ameaça a liberdade sexual. Os homens devem ser livres para abordar as mulheres”, diz uma parte do manifesto.

Entre as signatárias estão Catherine Millet, autora do livro A Vida Sexual de Catherine M. O grupo afirma considerar legítima a tomada de consciência da violência sexual contra as mulheres, mas ponderam que a “libertação do discurso” teria tomado novos rumos, e que nesse panorama quem não concorda é visto como “traidor e cúmplice”. O documento diz, ainda, que as mulheres deveriam se unir contra outros inimigos, sobretudo aqueles que ameaçam a liberdade sexual, como extremistas religiosos e reacionários.

Nesta quarta-feira, 10, um grupo de cerca de 40 de artistas e intelectuais feministas publicou um artigo no site da France TV repudiando a carta veiculada no Le Monde. Entre as assinantes da réplica estão as ativistas Caroline De Haas, Marie-Noëlle Bas e Giulia Foïs, a jornalista Lauren Bastide e a psiquiatra Muriel Salmona.

“Os signatários da carta deliberadamente misturam sedução, baseada em respeito e prazer, com violência. Eles estão enganados. Não é uma diferença de grau que separa o assédio da sedução. A violência não é uma sedução aumentada. De um lado, consideramos o outro como igual, respeitando seus desejos. Do outro, como um objeto disponível, sem importar com seus desejos ou consentimento”.

 

 

(Fonte: Redação PdC)