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A série The Expanse, assim como os seus personagens, tem passado por uma jornada turbulenta. Criada inicialmente pelo canal Syfy, a história dos tripulantes da nave Rocinante, colonizando outras partes do Sistema Solar após o fracasso da Terra, criou uma base de fãs sólidas, mas não atingiu os números de audiência esperados pela emissora. Assim, após a terceira temporada, o programa foi cancelado pela Syfy, apenas para ser resgatado em seguida pela Amazon Prime Video.

Desta vez, longe dos canais tradicionais de televisão, a narrativa ganha muitas liberdades, como afirmou o elenco durante sua passagem pela Comic-Con Experience, em São Paulo. Steven Strait (Jim Holden), Cas Anvar (Alex Kamal), Dominique Tipper (Naomi Nagata) e Frankie Adams (Bobbie Drapper) conversaram com a imprensa para adiantar algumas mudanças na quarta temporada, porém sem revelar spoilers. Descubra alguns pontos altos da conversa:

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Uma segunda ópera

Para Cas Anvar, as três primeiras temporadas se fecharam num arco próprio, e a continuidade da série deve trazer uma mudança significativa no tom: “Para mim, as três primeiras temporadas funcionaram como partes de uma ópera. Agora começa uma segunda ópera. A partir do momento em que os portões se abrem, The Expanse se torna uma série de exploração – quase um faroeste. Não sei se já viram o primeiro episódio da quarta temporada, mas até a direção de fotografia muda bastante”.

Steven Strait completa: “Antes, a principal intriga era de ordem política, dizia respeito a questões de poder, e a salvar uns aos outros. A abertura do Portão do Anel muda tudo. Existem implicações éticas particulares em se deixar o lugar onde está para explorar novos mundos”. O elenco confirma que a quarta temporada será a mais íntima, por confrontar os personagens “tão falhos”, de acordo com o elenco, aos traumas do passado.

Ficção científica ou drama?

“Mesmo assim, se você não gosta de ficção científica, não fique desencorajado a assistir a The Expanse, promete Dominique Tipper. “A série é muito mais focada nas relações humanas, como num drama. É muito diferente de tantas ficções científicas genéricas por aí”. De acordo com os próprios organizadores da Comic-Con Experience, durante o painel dedicado à série, o caráter humano foi fundamental para o projeto ser resgatado pelos acionistas da Amazon Prime, que eram fãs da trama.

“A ficção científica é um gênero poderoso para falar sobre o mundo em que vivemos”, pontua Steven Strait. “Na verdade, grande parte da série constitui uma analogia política”. Além disso, o ator fez questão de frisar que a narrativa de The Expanse se difere de demais produções do gênero pela qualidade do roteiro: “Os autores sabiam o fim desta história antes mesmo de começar. Tudo estava planejado, e nada é supérfluo na narrativa”.

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Uma viagem espacial “real”

O elenco garante que este aspecto torna a série mais realista, assim como as próprias escolhas de filmagem. Ao invés de tantos programas em que os atores se limitam a interagir com uma tela verde, na qual são inseridos elementos de efeitos visuais mais tarde, “o Rocinante é quase inteiramente real. Existem muitos metros quadrados de cenários construídos para a série”, garante Cas Anvar. “Isso ajuda muito os atores. Apenas o cenário espacial fora da janela é inserido digitalmente”.

Mesmo assim, Tipper lembrou que a quarta temporada, repleta de novos desafios, incluiu uma diária em que Naomi se confrontou quase exclusivamente às famosas telas verdes: “Sem querer dar spoilers, mas a minha personagem explora um novo planeta na quarta temporada. Nesta cena, a única coisa real era eu mesma, porque tudo o resto eram painéis!”. Ainda assim, o elenco garante que sempre acompanha num monitor exatamente o que os personagens deveriam estar vendo naquele momento, para ajudar no processo de composição.

Para Cas Anvar, a principal dificuldade não se encontrava no trabalho de efeitos especiais, e sim nas condições de filmagem: “Filmamos a uma hora e meia a norte de Toronto, durante o inverno. Eu tinha que dizer as minhas falas num clima de -30ºC. Até saía fumaça da boca ao falar, o que complicava a vida dos diretores de fotografia!”.

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As liberdades do streaming

A principal questão dos jornalistas para os atores dizia respeito às transformações que a série passaria, agora que teve uma produção original da Amazon Prime Video. Todos garantiram que a mudança foi benéfica: “Agora vamos ter mais palavrão, mais sexo, nudez, violência, ou seja, o que todo mundo quer ver!”, brincou Tipper.

Os colegas consentiram que a história já possuía um tom sombrio, agora acentuado pela liberdade no que diz respeito à classificação etária e aos números de audiência. “No Syfy, tínhamos uma quantidade máxima de palavrões por episódio”, explica Steven Strait, dizendo que os atores torciam para ser o escolhido para pronunciar o único “fuck” permitido por vez.

Além disso, segundo Frankie Adams, a inclusão na Amazon permite que todos os episódios sejam visto de uma vez: The Expanse é ótimo para o binge watching, garante, antes de confessar que ela mesma assistiu a todos os episódios durante uma única madrugada. Ou seja, boas notícias para o fãs da exploração espacial: a série está livre das amarras da TV aberta, podendo transformar sua forma sem perder no conteúdo. Ansiosos? A quarta temporada estreia dia 13 de dezembro.

(O Papo de Cinema é veículo credenciado oficial da CCXP 2019)

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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