Uma situação comum durante os painéis da Comic-Con Experience 2019 dizia respeito ao desencontro de informações: diversos artistas vieram ao Brasil para falar sobre uma série ou filme, diante de um público sedento por conteúdo, mas sem poder revelar de fato os acontecimentos, por medo de spoiler ou por terem assinado contratos impondo o sigilo da trama.
Os quatro representantes da série The Boys, da Amazon Prime Video, se encontravam nessa situação: apesar de serem extremamente simpáticos e solícitos, Antony Starr (Homelander), Erin Moriarty (Starlight), Jessie T. Usher (A-Train) e Karen Fukuhara (Female) podiam revelar pouco sobre a série que queriam promover. Durante o encontro com a imprensa, eles mencionaram alguns aspectos capazes de interessar aos fãs desses super-heróis corrompidos pela fama, e do grupo de agentes encarregados de controlá-los:
O que vem por aí
“Na segunda temporada, tudo o que os personagens têm vai ser tirado deles. É uma jornada íntima, um mergulho na alma de cada um”, promete Starr. Moriarty também indica que a próxima temporada será sombria e psicológica: “Starlight cresce rápido demais, depois dos acontecimentos do fim da temporada original, e então se torna mais soturna, mais calejada”.
Fukuhara conseguiu dar detalhes um pouco mais elucidativos sobre os rumos da Fêmea: “Minha personagem é a única entre os Boys com superpoderes. Agora, ela vai se tornar uma dos Boys de fato, por vontade própria. Além disso, a história da Fêmea alavanca o arco dramático de outro personagem inédito, o que é muito divertido de ver”.
De certo modo, chega a ser um alívio ver Starr citar os típicos riscos de segundas temporadas, e dizer que a série vai evitá-los: “O maior perigo se encontrava em tentar ser maior, mais espetacular, com mais efeitos. Mas os roteiristas disseram que queriam ir mais a fundo, o que todo ator sonha em ouvir. Mesmo assim, ainda teremos grandes cenas de ação”, promete.
O “crossover” dentro da série
Moriarty adota um ponto de vista crítico ao analisar a configuração da temporada inicial: “São tantos personagens que, na segunda temporada, muitos deles interagem uns com os outros pela primeira vez. Antes, fazer parte dos Boys ou dos Seven quase correspondia a duas séries diferentes. Agora, vamos ter um crossover”. De fato, Starlight e a Fêmea terão muito mais cenas juntas desta vez, de acordo com suas intérpretes.
Além disso, Moriarty revelou que seu grande sonho para as temporadas futuras seria poder voar, como alguns de seus colegas. Ela lembra que participou de outra série sobre pessoas superpoderosas, Jessica Jones, e neste caso, também não voava: “Eu adorei participar de Jessica Jones, é claro, mas quando você se encontra em uma série cheia de ação e efeitos especiais, mas interpreta um ser humano comum, você fica com vontade de participar da ação também”. Ela brincou que a apresentação da série constituía um apelo aos produtores para desenvolverem os seus poderes em seguida. Fica a dica.
Quadrinhos violentos demais?
Quando questionados sobre a adaptação dos quadrinhos à série de televisão, os quatro atores concordaram que seria indispensável fazer concessões na hora de adaptar o conteúdo. “Se a série fosse literalmente baseada nos quadrinhos, jamais poderíamos mostrá-la na televisão, porque é extremo demais. Mesmo assim, acredito que fizemos uma boa transição”, estima Starr.
“Lendo os quadrinhos pela primeira vez, a única coisa que passava pela minha cabeça era: ‘Como raios vão fazer isso na televisão?'”, questionou Usher. Fukuhara garante que a solução não foi apenas atenuar o conteúdo, mas buscar outro ponto de vista a partir do mesmo material: “A série tem a capacidade de investigar as motivações desses personagens, seus passados e seus traumas, algo que os quadrinhos não faziam”.
Sobre a representação da violência, Moriarty garante que a série não incentiva atos semelhantes, e que os atores possuem uma identificação mais complexa com seus próprios personagens: “Nós nos identificamos não com as atitudes deles, e sim com o comentário que a série faz a respeito do lado sombrio do poder e da fama”.
A cereja do bolo
Moriarty encerrou a coletiva de imprensa com uma bela fala sobre o orgulho de trabalhar nesta série, e como se sente realizada, enquanto atriz, de participar de um produto capaz de abordar temas complexos de maneira explícita:
“Eu jamais esperava que a série fosse um sucesso tão grande, porque nós lidamos com muito tabus. Mesmo se, no final, a série não tivesse tanto sucesso, eu ainda teria muito orgulho dela pelos temas que aborda. A boa resposta do público, nesse contexto, é a cereja do bolo”.
A segunda temporada de The Boys chega à Amazon Prime Video em 2020, ainda sem data definida.
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