Ninguém, em sã consciência, diria que Charlize Theron, considerada uma das mais talentosas atrizes de sua geração por uma penca de gente entendida, enfrentaria problemas nos bastidores de Hollywood, não é mesmo? Durante a divulgação de Casal Improvável (2019), a vencedora do Oscar de Melhor Atriz por Monster: Desejo Assassino (2003) falou sobre o sexismo reinante em Hollywood, algo visto especialmente na forma como os executivos acabam discriminando atrizes de acordo com suas faixas etárias. Com apenas 40 anos na época, ela foi considerada “velha” para viver a protagonista de Mulher-Maravilha (2017).
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“Esse é um ótimo exemplo de como Hollywood te dá um tapa na cara quando você começa a envelhecer. Alguém chegou e me disse: ‘Oh, há muita ação neste filme, Mulher-Maravilha. Queremos que esteja ciente disso’. Respondi que não estava muito familiarizada com o personagem… ‘O que a Mulher-Maravilha faz?’ E foi aí que me responderam: ‘Não, é para fazer a mãe da Mulher-Maravilha’”. Gal Gadot, a intérprete de Diana, é apenas nove anos mais nova. Quem acabou ficando com o papel da rainha Hipólita, mãe da Mulher-Maravilha, foi Connie Nielsen, de 53 anos, depois que o mesmo também foi rejeitado por Nicole Kidman.
“Foi um momento definidor que me indicou que algo tinha mudado (na carreira), e eu não estava totalmente consciente disso”, completou a atriz. É claro que os executivos podem argumentar que a opção por alguém ainda na casa dos 30 anos é plausível a partir da projeção de numa participação duradoura num universo de vários filmes. Todavia, esse não é um exemplo isolado, as engrenagens de Hollywood rapidamente mudam a faixa de personagens possíveis, sobretudo, às mulheres. Ou seja, há ainda muito a ser mudado com relação à mentalidade dos produtores.
