O cinema, em especial o gênero documentário, costuma resgatar o passado e revelar o presente. Na capital pernambucana, onde legados históricos e modernidade por vezes se embatem, a preservação de memórias pessoais e heranças coletivas constantemente voltam à tona. Foram esses temas que deram o tom da programação da última noite da mostra competitiva do Cine PE 2017, neste último domingo, dia 02 de julho, no Cinema São Luiz, no centro do Recife. A cerimônia de premiação acontece nesta segunda-feira, dia 03.
Participante da Mostra Competitiva de Curtas Pernambucanos, o primeiro filme da noite foi o documentário Entre Andares (2017). Dirigido por Aline Van der Linden e Marina Moura Maciel, o protagonista em cena é o edifício AIP (Associação da Imprensa Pernambucana): um prédio com dez andares abandonados e um cinema desativado na cobertura, um gigante ignorado em pleno coração do Recife. Sob um olhar crítico e poético, a obra estimula uma reflexão sobre uma parte importante da cidade que está sendo esquecida, agregando também dimensões íntimas através do olhar de cinco personagens que têm ligações afetivas com o lugar.
Em seguida, o público conheceu a animação José (2017), de Fernando Gutiérrez e Gabriel Ramos (DF). O diretor Fernando Gutiérrez manifestou seu carinho pelo festival, onde, há alguns anos, exibiu seu primeiro curta. O terceiro encontro da noite foi com o emocionante Aqueles Anos em Dezembro (2017), um diário audiovisual da história do diretor Felipe Arrojo Poroger. Com imagens gravadas por ele durante a infância, filmagens antigas e atuais de sua família, o filme tem o objetivo de resgatar a história do núcleo familiar, com uma poética homenagem a seus avós. Por fim, Chico Amorim, diretor de O Caso Dionísio Diaz (2017) ao lado da também atriz e comediante Fabiana Karla, apresentou o documentário em longa-metragem que resgata uma trágica história acontecida em 1929 no povoado El Oro, Uruguai.
(Fonte: Rabixco/Jana Constantino)